Cartman e Kyle no episódio de “South Park” que homenageou o restaurante Casa Bonita| Foto: Divulgação Paramount
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O que você faria se tivesse a oportunidade de comprar o local que te dava mais alegrias na sua infância? Trey Parker e Matt Stone, os criadores do desenho animado South Park, viram esse cavalo passar arreado diante de seus olhos e não pestanejaram: viraram os novos donos da Casa Bonita, o restaurante mais divertido do estado do Colorado. Eles só não imaginavam o tamanho da dor de cabeça que viria no pacote.

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¡Casa Bonita Mi Amor!, documentário de Arthur Bradford recém-lançado no Paramount+, conta a saga desses dois amigos que, sem qualquer experiência no ramo, adquiriram um monstrengo cor-de-rosa responsável por encantar gerações de crianças americanas a partir dos anos 70. Apesar de servir comida mexicana de gosto duvidoso, a Casa Bonita fez fama ofertando diversas atrações infantis em seu enorme ambiente, de teatro de fantoches a fliperamas, de caça ao tesouro a um penhasco com mergulhadores profissionais dando tchibuns no meio do salão. Ou seja, pela perspectiva mirim, era a Disneylândia possível, com tacos e sopapillas no cardápio.

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Pena que o lugar foi ficando cada vez mais largado, até fechar de vez no começo da pandemia, com uma dívida milionária a ser paga. A dupla de South Park achou uma boa ideia arrematar a Casa Bonita e investir numa necessária reforma, mas mantendo o aspecto original setentista. Separaram mais de seis milhões de dólares para a revitalização e passaram a conviver com a expectativa da mídia, do governo e dos cidadãos de Denver sobre quando e como a mistura de restaurante com parque de diversões reabriria suas portas para o público.

(Aqui preciso dizer que estive na cidade em 2022 para o espetáculo comemorativo dos 25 anos de South Park e observei in loco essa excitação com a novidade. Em cena que está em ¡Casa Bonita Mi Amor!, o governador do Colorado sobe ao palco do show de aniversário e conta para as 10 mil pessoas presentes quão grande está sendo o impacto da obra para a economia local. Era nesse nível que as coisas estavam.)

Percalços financeiros

O filme tem o mérito de retratar como toda essa responsa afetou Parker e Stone, especialmente o primeiro, que cresceu nutrindo um verdadeiro amor pela Casa Bonita. O local batizou um episódio de 2003 de South Park, no qual Cartman dá um rolê em tempo recorde por suas instalações. Foi assim que o mundo inteiro tomou conhecimento do estabelecimento. O frisson pela sua reinauguração extrapolava os limites regionais.

Só que a Casa Bonita estava podre por dentro. Equipamentos e fiações carcomidos pelo tempo foram elevando os custos da reforma para patamares inimagináveis pelos novos proprietários. Quando a conta bateu na casa dos 10 milhões de dólares, os dois cogitaram desistir do sonho e entubar o prejuízo, pois ficava evidente que a soma não pararia nesse número. Estima-se que a reforma completa, que era para ter ficado na ordem dos 6 milhões, tenha ultrapassado os 32 milhões de dólares, gerando uma projeção de que Parker e Stone passarão a lucrar com o empreendimento daqui meio século.

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Mesmo atormentados pelas cifras, os criadores de South Park conseguiram manter suas mentes criativas ao longo da jornada, contribuindo com ideias e gravando vozes para os brinquedos. A nova Casa Bonita atraiu uma quantidade volumosa de frequentadores em seus primeiros meses de atividade. Além de aprovarem a proposta raiz, sem modernidades tecnológicas, os comensais puderam saborear um menu mexicano bem melhor do que o de priscas eras, agora organizado por uma renomada chef da cidade. É certo que Parker e Stone precisarão entregar muitas temporadas de South Park para garantir fluxo de caixa até que a Casa Bonita comece a devolver o investimento. Nós não vamos reclamar.

  • ¡Casa Bonita Mi Amor!
  • 2024
  • 88 minutos
  • Indicado para maiores de 12 anos
  • Disponível no Paramount+