O filme anti-tráfico humano Sound of Freedom arrecadou mais de 41 milhões de dólares desde sua estreia nos cinemas americanos, em 4 de julho. A revista Variety elogiou o filme dizendo que ele "faz o desejo de agir parecer mais do que um gesto de filme de ação". E a revista World chamou o filme de “alerta, lembrando os americanos do mal perpetrado dentro e fora de nossas fronteiras”. Mas nem todas as críticas foram positivas.
O jornal The Guardian, de Londres, escreveu uma crítica do filme intitulada "Sound of Freedom: o thriller filhote de QAnon que está seduzindo a América". E o site Jezebel chamou o filme de “uma fantasia anti-tráfico infantil adequada para QAnon”. QAnon é uma teoria da conspiração envolvendo a crença de que um grupo de pedófilos adoradores de Satanás controla aspectos do governo.
Questionado sobre por que ele acha que alguns meios de comunicação de esquerda criticaram Sound of Freedom dessa maneira, o CEO da Angel Studios, Neal Harmon, disse que o filme não é político. “Todo mundo que viu sabe que não tem nada a ver com política ou conspiração, e que é apenas uma grande história verdadeira, bem contada”, diz Harmon.
Angel Studios, a plataforma de streaming conhecida pela série sobre a vida de Cristo, The Chosen, está distribuindo Sound of Freedom (ainda sem previsão de exibição no Brasil ou data para ficar disponível em angel.com). Harmon se juntou ao podcast do The Daily Signal para discutir o sucesso que o filme experimenta nas bilheterias americanas e para abordar os elogios e críticas que vem recebendo. A seguir, as melhores partes desse papo.
Sound of Freedom está nos cinemas americanos e tem sido tão emocionante acompanhar sua jornada. Ele lança luz especificamente sobre a questão do tráfico sexual infantil e conta a história de um homem chamado Tim Ballard, diretor de uma organização chamada Operation Underground Railroad, que especificamente liberta crianças do tráfico sexual. O filme chamou muita atenção, e por um bom motivo. Além dos mais de 41 milhões de dólares arrecadados desde 4 de julho, se você olha para as críticas, para as avaliações no site Rotten Tomatoes, o índice de aprovação do público é de 99%. Essa era a resposta que vocês esperavam receber?
Esperávamos que, quando escolhemos o dia 4 de julho para lançar este filme, a comunidade Angel apoiaria o filme. Acreditamos nisso porque a produtora Angel é alimentada por nossa comunidade. É o comitê Angel Guild quem toma as decisões sobre o que faremos. Sendo assim, quando tivemos a oportunidade de olhar para Sound of Freedom, mostramos para o Angel Guild e recebemos o feedback deles. As pontuações foram tão altas que sabíamos que a comunidade apoiaria este filme. Anunciamos a data de lançamento e estabelecemos uma meta muito ambiciosa de ter 2 milhões de pessoas na semana de abertura para representar os 2 milhões de crianças que serão traficadas apenas neste ano. E atingimos essa meta na sexta-feira da semana passada. Estamos muito empolgados com o que o Angel Guild e a comunidade Angel conseguiram porque, com seu impulso e apoio inicial, havia 10 milhões de dólares em ingressos de pré-venda antes do filme estrear. Em 4 de julho, nos tornamos o filme número 1 nos Estados Unidos. Esse apoio enviou uma mensagem ao mundo que exigia uma conversa e ela aconteceu. O que não esperávamos é o quão grande e central essa conversa se tornou e que tipo de reviravoltas ela teria. Então, eu diria que não ficamos surpresos com a presença da comunidade Angel. Tínhamos esperança de que se tornaria uma grande conversa no mundo. Acho que estamos chocados e surpresos com o quanto ela cresceu e com sua rapidez.
É uma grande conversa e tem sido muito emocionante assistir a isso porque é algo tão sério que precisava vir à tona. Agora, quero dar a você a oportunidade de responder a algumas das críticas que o filme recebeu. Em meio aos elogios e ao feedback positivo, vários meios de comunicação publicaram algumas críticas duras, incluindo o The Guardian e o site Jezebel. Por que você acha que o filme está gerando essas reações negativas?
Todo mundo que viu este filme sabe que não tem nada a ver com política ou conspiração QAnon e que é apenas uma grande história verdadeira, bem contada. E o bom sobre Sound of Freedom e todas as pessoas que estão pagando para que outras possam assistir de graça é que, se você está em dúvida sobre isso, quer ver por si mesmo, pode pegar um ingresso grátis e você poderá descobrir por si mesmo do que se trata esse fenômeno nos cinemas americanos.
O Angel Studios é conhecido pela produção de The Chosen e pelo modelo de crowdfunding que vocês fizeram. E tem sido um formato um pouco semelhante com o de Sound of Freedom, em que você permite que as pessoas essencialmente paguem para que outros vejam o filme. Como isso funciona?
Está funcionando tão bem. Steve Jobs disse uma vez que “o contador de histórias é a pessoa mais poderosa do mundo porque define os valores e a visão para a geração que está por vir”. Acho que as pessoas sentem isso em um nível profundo, e a razão pela qual participamos de histórias, a razão pela qual vamos ao cinema em seu nível mais fundamental, é porque queremos uma vida melhor para nós e para nossos filhos. E pagar adiantado dá às pessoas a chance de fazer parte disso. Eles têm a chance de realmente colocar seu tesouro e sua voz por trás de algo em que acreditam, algo que desejam ver diferente para seus filhos, netos. E assim realmente conseguimos capturar isso com a tecnologia de pagamento antecipado e permitir que a comunidade se torn e parte disso.
Em relação àqueles que estão escolhendo criticar o filme, como você responderia à sugestão de que a história retratada no filme não aconteceu realmente ou que Tim Ballard salvando crianças representa mais uma façanha do que heroísmo real?
Vá para angel.com/blog e lá há uma matéria sobre como separar fato de ficção, narrativa... Somos muito, muito transparentes sobre os verdadeiros componentes desta história e quais partes dela fizeram parte do processo de criação do filme ou para atravessar a narrativa em um formato sucinto. Portanto, gostaria apenas de encorajar as pessoas a aprender e ter mais conscientização sobre esse problema. Ninguém vai refutar os números do governo. Quero dizer, os números reais estão entre 5 e 6 milhões de crianças traficadas, e cerca de um terço delas são de tráfico sexual. E essas são fontes publicadas. Eles não vêm de nós, eles não vêm do filme. Essa é a realidade de muitas crianças, é uma realidade muito, muito sombria. E uma história que traz esperança, uma história que inspira as pessoas a fazer algo a respeito, a doar para causas, a se envolver, a ter mais cuidado com os próprios filhos, a se educar sobre o que procurar, a identificar tráfico, tudo isso ajudará a sociedade a ter as ferramentas necessárias para lidar com esse problema e ter a esperança de mudá-lo. Portanto, somos extremamente transparentes sobre a história. Aprenda o máximo que quiser sobre isso, mas gaste o máximo de tempo possível combatendo o problema também.
Um post compartilhado pela cantora e compositora Jewel dizia: “Sabe de uma coisa? Isso não é uma questão política”, e realmente desafiou as pessoas a se lembrarem disso, que isso não é esquerda, isso não é direita. Esta é uma questão que todo americano, que todo ser humano deveria conhecer. Vocês já notaram isso, várias pessoas, seja em Hollywood ou na indústria da música, falando e trazendo esse lembrete sobre o filme, de que isso realmente não é político?
Mais uma vez, todos que realmente assistiram ao filme o descrevem como “cinema lotado, discussões posteriores, ovações de pé”. E isso independentemente de ser em estado mais republicano ou democrata, de ser um ambiente urbano ou rural. Isso está unindo pessoas de todas as esferas da vida em torno dessa questão. Porque acho que esse é um problema – é tão maravilhoso ter uma causa pela qual podemos nos unir e que não precisa se transformar em debate. Isso não quer dizer que as pessoas não possam ter divergências sobre isso, e damos as boas-vindas ao debate, é disso que se trata os Estados Unidos. Mas acho que o que realmente está acontecendo é que as pessoas estão aparecendo nos cinemas e voltando mudadas e prontas para fazer alguma coisa.
Quero falar um pouco sobre o que é essa coisa que as pessoas podem fazer. Mas primeiro adoraria ouvir um pouco da história do processo de levar Sound of Freedom para as telonas. Esta foi uma jornada, e o filme foi feito há cinco anos, mas houve alguns grandes obstáculos para levá-lo aos cinemas. O que aconteceu? Por que demorou cinco anos?
Bem, as pessoas para falar sobre isso seriam Eduardo Verástegui, Alejandro Monteverde, Tim Ballard. Eles estão nas trincheiras nessa luta para levar essa mensagem para a tela há oito anos. Os direitos, ficamos sabendo, ficaram disponíveis em março deste ano, e estivemos em nossa própria jornada na última década para nos tornar uma empresa e ter uma comunidade que seria capaz de lançar este filme nessa escala. Então isso por si só é uma história importante. Mostramos para o Angel Guild e, 24 horas depois, eles deram as notas. Assinamos um acordo em cinco ou seis dias e, em seguida, definimos uma data de lançamento para 4 de julho. Nossos telefones estão tocando sem parar e as pessoas estão nos parabenizando e estão animadas com o que está acontecendo. E não sei se você já viu uma maratona ou triatlo. Jeffrey, nosso co-fundador da Angel Studios, ele estava compartilhando esta analogia de manhã: quando você vê um triatlo e os atletas terminam a corrida todo mundo está tentando parabenizá-los, mas eles simplesmente caem de cara no chão porque estão exaustos. E é assim que todos se sentem aqui na Angel, que acabamos de correr esta maratona. E não esperávamos ter isso em nossa programação, mas era muito importante fazê-lo. Nós apenas sentimos que a mão de Deus estava definitivamente nisso e não poderíamos estar mais gratos pelos resultados. E estamos muito cansados.
Aposto que estão mesmo. E é preciso coragem para escolher: “Vamos lançar durante a temporada de sucessos de bilheteria, em julho”. E Sound of Freedom realmente teve um desempenho melhor do que o novo filme de Indiana Jones naquele feriado de 4 de julho. Deve ter sido incrível para todos vocês perceberem: “Uau, corremos o risco aqui e isso realmente funcionou”.
E se isso não é uma vitória, quero dizer, isso não seria uma vitória para a Disney ou Angel Studios, é uma vitória para essas crianças, e sentimos que é a mensagem de Deus para o mundo sobre elas. Não poderíamos estar mais gratos por fazer parte disso, por usar nossas habilidades e as circunstâncias para fazer com que essa mensagem pudesse começar, para ajudar a iniciar essa centelha. Honestamente, essa faísca começou com as duas crianças que Tim Ballard resgatou e as inúmeras que elas representam. E depois com Alejandro e Eduardo, que decidiram usar seus talentos cinematográficos para divulgar isso. Então usamos a comunidade Angel e pedimos ajuda e apoio e passamos o bastão para eles e eles o passaram para o mundo, e está funcionando.
Quero ler algo que a Variety escreveu em sua resenha. Eles dizem: “Não é um filme glorificado do Rambo ou um thriller da Netflix, fingindo ser sério. Quando a libertação que você está procurando chega, ela parece merecida. De uma maneira convencional, vislumbramos o coração das trevas. Vimos algo sobre o nosso mundo que faz com que o desejo de agir pareça mais do que um gesto de filme de ação.” O que isso significa para os espectadores que assistem a esse filme para fazer exatamente isso, para agir?
Minha crença é que se o espectador do filme fizer uma pausa e olhar dentro de seu coração, se for um crente, se orar e apenas parar por um momento, a inspiração virá sobre como lidar com isso. Pode ser um pai melhorando os cuidados de seus filhos, vendo o que eles estão fazendo em seus videogames, com quem estão interagindo, para mantê-los mais seguros. Pode ser um adolescente que decide que o caminho que as imagens pornográficas o levariam não vale a pena, que esse tipo de caminho é extremamente destrutivo para o cérebro. É assim que as pessoas acabam naquele lugar escuro. Como Tim Ballard me disse, todos os pedófilos ou assassinos que ele já interrogou compartilham uma coisa em comum e é o vício em pornografia. Pode ser que alguém diga: "Quero me envolver nos cuidados posteriores e quero ajudar algumas dessas crianças a se curar". Tenho uma amiga que acabou de chegar da Flórida e me perguntou sobre isso. E ela sente, por causa das experiências que teve quando era jovem, que esse é o seu chamado, que sabe como ajudar as crianças a se curarem do abuso sexual. Essa inspiração virá para cada um de nós, se pararmos para pensar sobre isso, olharmos em nossos corações e anotarmos tudo o que nos sentimos inspirados a fazer.
Como alguém da indústria cinematográfica, o que significa para você o sucesso de Sound of Freedom para a criação de mais conteúdo como esse, realmente baseado em valores?
Pensamos que esta é uma vitória monumental para o público. Esse filme ficou preso, não conseguiu sair, e o espectador realmente teve a palavra final. Sound of Freedom dá às pessoas a esperança de que elas podem realmente ter um impacto na cultura e muda-la para melhor. Acho que isso vai inspirar muitos filmes independentes a divulgar boas mensagens. Vai inspirar muita coragem. Vai inspirar investimentos. Vai inspirar cineastas melhores a darem o salto do sistema tradicional, que tem os entraves de sempre, para a realização de algo mais ambicioso, mais arriscado, mas também muito mais recompensador. Isso vai encorajar o florescimento do cinema independente.
© 2023 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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