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Chefe da divisão de desenvolvimento de mídia da Amazon.com, Roy Price | FRAZER HARRISON/AFP
Chefe da divisão de desenvolvimento de mídia da Amazon.com, Roy Price| Foto: FRAZER HARRISON/AFP

O chefe da divisão de desenvolvimento de mídia da Amazon.com, Roy Price, foi suspenso pela empresa nesta quinta-feira (12) após uma produtora acusá-lo de assédio sexual.

Além dela, a atriz norte-americana Rose McGowan já havia denunciado Weinstein ao CEO da Amazon, mas as queixas foram ignoradas. 

Após o jornal The New York Times publicar relatos de mulheres denunciando Weinstein de assédio sexual, um número cada vez maior de pessoas estão se manifestando publicamente contra as ações do produtor. 

Isa Hackett, produtora da série "The Man in the High Castle", da Amazon, descreveu seu encontro com Price em 2015, relatando que ele se insinuava sexualmente de forma “indesejada, chocante e surreal", segundo o The Hollywood Reporter.

Ao pegar um táxi para uma festa da empresa, junto com Price e Michael Paul, então alto executivo da Amazon e atualmente executivo-chefe da BamTech, Price repetidamente a importunava sexualmente, disse Hackett.

Quando chegaram na festa, ele disse em seu ouvido enquanto conversava com outros executivos: "sexo anal". Hackett é filha de Philp K. Dick, cuja obra serviu de base para a série "High Castle". 

Em um comunicado ao Washington Post, um representante da Amazon relatou que Roy Price está de licença por tempo indeterminado. “Estamos revendo nossos projetos com a Companhia Weinstein”, disse.

Quem é Price? 

Price, formado em Inglês pela Universidade de Harvard, é filho de Frank Price, que dirigiu a Universal Pictures nos anos 70 e 80. Seu avô, Roy Huggins, criou lendárias séries de televisão como "O Fugitivo" e "Maverick". A Amazon Studios, que lançou em 2010, deverá gastar cerca de US$ 4,5 bilhões este ano na aquisição e produção de programas. Produziu comédias como o premiado "Transparent", mas não teve tanto sucesso como "Game Of Thrones" da HBO ou "The Handmaid's Tale" do Hulu. 

Jeff Bezos, fundador e diretor executivo da Amazon, também é proprietário do jornal The Washington Post

As alegações de Hackett se tornaram públicas após outras mulheres relatarem assédio sexual na indústria do entretenimento, acusando o produtor Weinstein. De acordo com a lista da revista Vanity Fair, até agora, 32 mulheres o denunciaram por assédio sexual e estupro. Entre elas estão Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Kate Beckinsale

Hackett disse ao Hollywood Reporter que as crescentes alegações de assédio sexual e estupro contra Weinstein, publicadas no New York Times, a inspiraram a falar sobre sua experiência. 

"Eu acho que as mulheres inspiram umas às outras. Eu me senti encorajada pelas outras mulheres que decidiram se manifestar", disse Hackett. "Espero que todos continuem a inspirar uns aos outros e, finalmente, provocar mudanças”. 

Para a Associated Press, o advogado de Hackett, Christopher Tricarico, informou que ela não pretende prosseguir com ações legais contra a Amazon ou Price. As denúncias da produtora foram inicialmente divulgadas pelo site The Information, em agosto.

Declínio 

A suspensão da Price na quinta-feira pode trazer consequências para a Amazon Studios, que está tentando retomar o caminho após não levar um prêmio sequer no Emmy Awards, enquanto seus rivais Hulu e Netflix receberam vários. Questões sobre potenciais conflitos de interesse envolvendo Price também estão contribuindo para o baixo moral da empresa, segundo o The Wall Street Journal. 

De acordo com o jornal, no ano passado Price pressionou a compra de uma ideia para uma série de sua noiva, a atriz Lila Feinberg. Alguns funcionários ficaram desconfortáveis porque sentiram que um personagem era semelhante a Price, e após uma revisão de conflitos de interesse pelo departamento jurídico, o estúdio decidiu não comprar o script. 

Na quinta-feira, a atriz norte-americana McGowan, que de acordo com o Times fechou um acordo com Weinstein em 1997, depois de um episódio em um quarto de hotel em um festival de cinema, tuítou para Bezos alegando que o chefe da Amazon Studios ignorou suas queixas contra Weinstein, a quem ela acusou de estuprá-la. “A Amazon ganhou um Oscar sujo", disse. 

Na semana em que as alegações contra Weinstein foram publicadas pela primeira vez, o produtor de Hollywood de 65 anos foi demitido da própria empresa, a Weinstein Company, que ele co-fundou com seu irmão. Na terça-feira (10) sua esposa há 10 anos, Georgina Chapman, anunciou que o deixaria. Enquanto Weinstein se desculpou inicialmente por seu comportamento, ele também "negou inequivocamente" quaisquer alegações de sexo não consensual, disse a porta-voz Sallie Hofmeister em um comunicado ao The Washington Post.

Hipocrisia? O magnata de Hollywood, que foi demitido da empresa que fundou com o irmão, apoia o combate à pobreza e o controle de armas.

Publicado por Ideias em Quinta-feira, 12 de outubro de 2017
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