Michael Caine em cena de “Carter: O Vingador”, filme de 1971 que virou referência do gênero| Foto: Divulgação
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Sir Michael Caine não está mais disponível para trabalhos. A aposentadoria do lendário ator inglês agora parece mesmo ser para valer. Em 2021, quando estava com 88 anos, ele anunciou pela primeira vez que iria se retirar. Reclamava de dores musculares e que não havia mais papeis interessantes para ele, só de senhores idosos (contém humor britânico). A decisão foi protelada um pouco, mas, aos 90 anos, o ator nascido Maurice Joseph Micklewhite indica que de fato pendurou as chuteiras.

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Resta ao público ver e rever sua filmografia de mais de 160 películas, que renderam a ele todos os prêmios disponíveis na indústria. Suas atuações começaram na década de 1950, não muito depois dele servir o exército britânico na Segunda Guerra Mundial. Nos anos 60, vieram seus primeiros trabalhos de destaque, em filmes como Zulu (1964) e Alfie (1966), e ele nunca mais baixou do primeiro time.

Mesmo quando se envolveu em abacaxis cinematográficos, caso de Fuga para a Vitória (1981), um inexplicável trabalho do diretor John Huston com Pelé e Sylvester Stallone no elenco, Caine conseguiu imprimir dignidade em suas interpretações, garantindo sua permanência perene no mesmo panteão de elite. Com Huston, também protagonizou grandes filmes, caso de O Homem que Queria Ser Rei (1975), que ainda conta com Sean Connery e Christopher Plummer e foi indicado a quatro Oscars.

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O fato é que a lista de obras referenciais de Caine é do tamanho de seu talento para atuar. Preparamos uma seleção cronológica de cinco trabalhos do britânico que estão fáceis de serem encontrados em serviços de streaming, seja por assinatura de pacote ou locação por preços módicos. Só não vale reclamar que o clássico tal não entrou. Quando o assunto é Michael Caine, até uma lista de 50 filmes deixaria muita coisa boa de fora.

Um Golpe à Italiana (1969) 

Figurinos elegantes, dezenas de Mini Coopers e uma trilha-sonora composta por Quincy Jones. Um Golpe à Italiana tem bastante do que marcou o cinema na transição dos anos 1960 para 1970. Caine está nele e empresta seu charme e humor britânicos para viver o ladrão Charlie Croker. Recém-saído da prisão, ele une uma equipe de criminosos meia-boca para assaltar um carregamento de ouro na Itália. Desde o planejamento até a execução, várias coisas dão errado e rendem cenas hilárias de Caine berrando ou fazendo caras e bocas que não estão em nenhum outro lugar de sua vasta filmografia. Vale notar que a película acaba com um gancho para um segundo filme, mas que foi apenas uma ideia do produtor Michael Deeley para brincar com o significado de cliffhanger – esse termo, utilizado para designar finais dramáticos, pode ser traduzido como “à beira do abismo”. O que rolou, sim, foi um filme de mesmo nome em 2003, com os mesmos personagens (Mark Wahlberg ficou com o ladrão de Caine), num roteiro completamente diferente.

Onde assistir: disponível para locação via Prime Video e AppleTV.

Carter: O Vingador (1971) 

Alguns filmes são incompreendidos em seu lançamento, mas acabam ganhando uma base de fãs e impactam outras produções. Esse é o caso de Carter: O Vingador, em que Caine encarna o personagem titular. Ele é um mafioso que volta para sua cidade natal em busca de respostas sobre a morte suspeita de seu irmão. Seja pela interpretação do ator ou pelo próprio roteiro, Jack Carter é um homem frio que parece seguir um código de conduta muito particular. Sua única preocupação é defender a honra de sua família a todo custo. Nos anos 70, o longa foi muito criticado por sua violência, que hoje é considerada revolucionária por ter inspirado cineastas como Quentin Tarantino e Guy Ritchie. O sucesso de Carter com o público moderno é tanto que até rendeu um remake, em 2000, estrelado por Sylvester Stallone – mas ele não chega aos pés da interpretação de Caine (que faz uma ponta nessa refilmagem).

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Onde assistir: disponível para locação via Prime Video, AppleTV e Now.

Vestida para Matar (1981)

Escolha mais ousada dessa lista, a obra escrita e dirigida por Brian de Palma é repleta de tensões sexuais, nudez e ideias que hoje seriam podadas pela indústria cinematográfica, como colocar uma trans no papel de vilã. Michael Caine vive um psiquiatra que vai se revelando ao longo do thriller. Inicialmente, ele surge apenas como o médico de duas pacientes envolvidas num assassinato que a polícia tem dificuldade de elucidar. Uma garota de programa e o filho da vítima entram em cena para investigar o caso e o desfecho é mais do que surpreendente. Se existe um filme em que a versatilidade de Caine foi colocada à prova, esse é Vestida para Matar, que ainda consegue impressionar 42 anos depois de seu lançamento.

Onde assistir: disponível para locação via Prime Video e Now.

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Os Safados (1988)

A comédia de Frank Oz, uma refilmagem de Dois Farristas Irresistíveis (1964), evidencia uma das maiores qualidades de Michael Caine: saber dividir a tela com outros atores de mesmo porte, sem buscar os holofotes a todo instante. Aqui, ele encontra em Steve Martin um belo parceiro, que varia de aprendiz a rival ao longo do filme. Ambos vivem de aplicar golpes em mulheres endinheiradas, mas o personagem de Caine tem um refinamento que o de Martin ainda precisa camelar muito para conquistar. O intuito do malandro mais nobre é colocar o outro debaixo de sua asa para depois ejetá-lo do sul da França, o território preferencial de suas tramoias. No período de adestramento, Caine faz Martin passar por seu irmão com deficiência mental, o que rende cenas hilárias que hoje seriam criticadas por “capacitismo”. O fato é que os atores se divertiram tanto nas filmagens quanto o público nos cinemas. Aliás, Caine conta que quando o diretor lhe procurou dizendo que o queria no elenco de um filme a ser rodado num lugar de bacanas no sul da França ele não quis nem ler o roteiro, topou na hora.

Onde assistir: disponível no pacote MGM e para locação via Prime Video e Now.

Batman Begins (2005) 

Sim, um filme de super-herói é destaque na filmografia de Caine. Mas Batman Begins não é qualquer longa-metragem desse gênero. Além de contar com a direção bastante característica de Christopher Nolan, responsável por filmaços como A Origem e o recente Oppenheimer, a película tem o ator britânico em destaque no papel do mordomo Alfred. Os anos de experiência que Caine teve nas telonas serve aqui para encarnar um personagem que é a figura paterna do herói titular. É uma de suas interpretações mais complexas, com cenas emocionantes, de sabedoria, e repletas do característico humor britânico – esse muito claro em uma cena em que Alfred resgata seu patrão de um incêndio.

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Onde assistir: HBO Max