O fantoche do ditador Kim Jong-il, que estrela Team América: Detonando o Mundo| Foto: Reprodução/Youtube
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Em fevereiro, a Brasil Paralelo lançou Nicarágua – Liberdade Exilada (leia sobre o filme aqui), documentário que mostra os efeitos deletérios da ditadura de Daniel Ortega no maior país da América Central. Trata-se de uma investigação séria e tocante, que merece a atenção de todo o mundo ocidental. Mas e quando o cinema pega um ditador para escarnecer? É muito válido também. Uma boa caricatura de um tirano é capaz de espalhar para uma audiência mais ampla a realidade que cada nação enfrenta quando está sob o jugo de uma ditadura. Aproveitando que A Entrevista acaba de entrar no catálogo da Netflix, selecionamos cinco obras que zombam sem dó desse tipo abjeto de liderança.

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A Entrevista

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Impossível começar por outro. Nesse filme de 2014, os jornalistas de celebridades vividos por Seth Rogen e James Franco conseguem uma entrevista com o diretor norte-coreano Kim Jong-un, mas são interpelados pela CIA antes da viagem. O pedido da agência americana é prosaico: aproveitar a oportunidade para assassinar o governante. Todos os envolvidos são devidamente zoados no longa, mas o que incomodou mesmo foi a sátira feita com o gordinho coreano. Porta-vozes do país condenaram com veemência o argumento da comédia e os estúdios Sony precisaram postergar e diminuir o alcance do lançamento de A Entrevista após diversas ameaças e ações de hackers vinculados a Coréia do Norte.

Onde assistir: Netflix, Apple TV  

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Team América: Detonando o Mundo

Dez anos antes de A Entrevista, os responsáveis pelo desenho South Park já haviam bulido com um ditador norte-coreano – no caso, o pai de Kim Jong-un, o temido Kim Jong-il (1994-2011). Team América acompanha um grupo paramilitar que recruta um ator da Broadway para salvar o mundo de Kim Jong-il, que na história está mancomunado com terroristas islâmicos e a turma de esquerda de Hollywood. Todo mundo leva chumbo nesse filme de marionetes, do governo americano ao gênero de ação como um todo, com seus clichês explosivos e infantilizados. Mas o destaque é mesmo o fantoche do finado ditador coreano, que tem até um momento musical, no qual canta o quanto é uma pessoa sozinha (“lonely”, que ele pronuncia “ronery”, num chiste com a dificuldade que muitos orientais têm com as letras “l” e “r”).

Onde assistir: Prime Video, Apple TV

South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes

Os criadores de South Park merecem mais uma obra nessa lista. Afinal, Trey Parker e Matt Stone são abertamente Republicanos, o que causa um grande ruído com a indústria do entretenimento americana, dominada por Democratas. A ideologia não impediu que, em 2022, a dupla celebrasse 25 anos de uma das séries mais politicamente incorretas da história, que já rendeu musicais e longas. A primeira vez nos cinemas foi em 1999, com South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes, cuja exibição no SBT rendeu até ação do Ministério Público por conta de palavrões e cenas que só poderiam ir ao ar depois das 23 horas. O que interessa aqui é como Saddam Hussein (1937-2006) é retratado na obra. Quando o menino Kenny morre, encontra o ditador iraquiano no inferno, na co ndição de esposo do capeta. A graça está na fragilidade demonstrada por Satanás em sua relação com Saddam, que o oprime sem misericórdia, mesma coisa que fazia com o povo do Iraque.

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Onde assistir: Prime Video

O Ditador

Escrito e protagonizado pelo britânico Sacha Baron Cohen, O Ditador apresenta o fictício general-almirante Shabazz Aladeen, que coloca a vida em risco para garantir que a democracia nunca chegue a Wadhiya, país do norte da África que guarda semelhanças com várias ditaduras da região. Aladeen acredita tanto em seu sistema de governo que vai até a uma assembleia da ONU defender o indefensável. Em Nova York, sofre uma tentativa de assassinato e se vê sem nada, passando a contar com o auxílio de uma ativista dos direitos humanos para se reerguer. Ainda que não repita o êxito de Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América, Sacha Baron Cohen arranca boas gargalhadas em cenas como a da prova de atletismo nas Olimpíadas de Wadhiya, quando usa o revólver para dar a largada e também abater os competidores que ameacem sua vitória.

Onde assistir: Prime Video, Apple TV

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A Queda! As Últimas Horas de Hitler

Para fechar, um drama histórico que passa longe da comédia, mas que, graças à criatividade de várias paródias inspiradas nele, estará sempre vinculado ao humor. O longa alemão de 2004, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, traz o excelente Bruno Ganz, morto em 2019, no papel de Adolf Hitler (1889-1945), vivendo os estertores da Segunda Guerra Mundial. Na cena mais emblemática, o ditador nazista discute exaltado com seus oficiais, incialmente incrédulo de que a derrota da Alemanha se aproxima. Os trejeitos patéticos de Hitler nesse rompante histérico motivaram centenas de sátiras em que as legendas são substituídas para caçoar de outro assunto. Do polêmico título mundial do Palmeiras a uma suposta troca do Cristo Redentor por uma estátua do Lula, diversas histórias já foram usadas de maneira jocosa com as imagens do espetacular A Queda!.

Onde assistir: Brasil Paralelo

Bônus

Para seguir dando risadas de Adolf Hitler (ou Adenóide Hynkel), emende com uma sessão do clássico O Grande Ditador (1940), primeiro filme falado de Charlie Chaplin. A cena do ator dançando uma ópera de Wagner com o globo terrestre se tornou tão clássica que chegou até a ser citada na abertura da novela O Dono do Mundo, exibida pela Rede Globo, em 1991. Mesmo ainda não sendo de domínio público, ele pode ser encontrado gratuitamente no YouTube.