Whitney Houston foi uma das artistas mais populares das décadas de 80 e 90. Com mais de 200 milhões de discos vendidos, ela ostenta a segunda posição numa lista da revista Rolling Stone de “melhores cantoras da história” – o que pode ser, sim, defendido, desde que se dê um desconto para a cafonice de parte de seu repertório. Sua trajetória musical foi um tanto eclipsada por seus problemas com o cantor e esposo Bobby Brown e também pelo uso de substâncias químicas, que causaram sua morte precoce e trágica em 2012. Talvez por isso I Wanna Dance with Somebody – A História de Whitney Houston, filme recém-chegado ao HBO Max, foque principalmente em suas músicas e impacto cultural – uma maneira de reforçar o legado e conseguir a bênção de sua família para o lançamento da produção.
O longa-metragem narra a trajetória a partir de 1983, quando ela ainda cantava em igreja e bares com a mãe, uma das principais incentivadoras de sua carreira. Nesse período de ascensão, a qualidade musical da artista ganha amplo destaque no filme, já com algumas polêmicas sendo jogadas para debaixo do tapete. Reverbera aí uma das frases dita por Clive Davis, o produtor de Whitney e tantos outros nomes, de Janis Joplin a Aerosmith: “Nunca me meto na vida pessoal dos meus artistas”. Mais tarde, ele se contradiz e vira uma das principais figuras a tentar ajudar Whitney a ficar sóbria.
Alguns dos desafios importantes deste começo não são ignorados, mas citados brevemente. São os casos de seu relacionamento amoroso com sua diretora criativa, Robyn Crawford, e o convívio tempestuoso com o pai, que torrou grande parte da fortuna da artista.
Chegando ao auge da carreira, é inevitável que seus problemas com Bobby Brown e as drogas ganhem os holofotes. Mas o filme prefere priorizar seu gosto musical, momentos memoráveis nos palcos e sua mão pesada para decidir o repertório. Exatamente por essa escolha, a história termina com sua apresentação no American Music Awards, em 1994, abordando sua overdose acidental, em 2012, somente num texto pós-final triunfante; o que acaba sendo um soco no estômago de quem não viveu a época e atravessa o filme impressionado com a perseverança da cantora até aquela performance.
Poses e tiques
A exemplo de outras cinebiografias musicais que fizeram sucesso recentemente, vide Rocketman e Bohemian Rhapsody (cujo roteirista Anthony McCarten é o mesmo de I Wanna Dance with Somebody), há um grande cuidado com aspectos importantes na carreira de Whitney. Tanto roupas, quanto cabelos e poses são replicados magistralmente pela atriz Naomi Ackie, com base nas gravações e fotos originais.
O longa também é recheado de hits como Greatest Love of All, How Will I Know e I Will Always Love You, que ganham um grande impulso com a interpretação convincente de Naomi. Ela não canta nenhuma das músicas, preferindo dublar a cantora original, mas se esforça ao máximo para replicar tiques e movimentos únicos que Whitney Houston realizava no palco.
Por essas qualidades, o filme se torna vital para fãs da cantora que querem relembrar seus melhores momentos, assim como serve para as novas gerações que não acompanharam a ascensão de Whitney, mas certamente vão se emocionar com essa jornada mágica.
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