Entre um filme e outro, alguns aclamados como Me Chame pelo Seu Nome (2017), a refilmagem de Suspiria (2018) e Até os Ossos (2022), o italiano Luca Guadagnino se dedica a dirigir videoclipes musicais e impactantes fashion films (nome que se dá aos curtas-metragens de grandes marcas, que fundem cinema e moda). E não pude deixar de pensar nesses fashion films enquanto assistia a Rivais, que está em cartaz nos cinemas brasileiros. No longa-metragem, é contada a história de Patrick Zweig (Josh O’Connor) and Art Donaldson (Mike Faist), dois amigos íntimos que, durante mais de uma década, são unidos e separados por causa de duas coisas: uma mulher e o jogo de tênis.
Os fashion films vinham à minha cabeça porque, como na maioria dessas obras, há dois elementos-chave em Rivais: a sensualidade e a música. Guadagnino recria um triângulo amoroso saltando no tempo e apoiando-se em uma expressiva e poderosa trilha sonora, criada por Trent Reznor (do Nine Inch Nails), que funciona como fio condutor narrativo. O resto é obra do planejamento, da fotografia, da direção de arte e da encenação.
Como em seus fashion films, Guadagnino busca seduzir e hipnotizar: atores atraentes, figurino poderoso, erotismo coreografado, muita música e planos subjetivos. O problema – que talvez não incomode outros tipos de espectadores – é que essa linda embalagem traz uma proposta com a qual não consigo me conectar. Não me parecem críveis nem a competição, nem a amizade, nem o romance, e vejo tão claramente as falhas de personagens vazios, volúveis e egoístas. Nem o esforço de Guadagnino para transformar a atriz Zendaya em uma vilã (a treinadora de tênis Tashi Duncan) consegue me comover minimamente.
Tudo é tão líquido, tão artificial e bem-feito quanto um bom videoclipe de moda. Como um bom fashion film. Magnífico. Elaborado. Bem interpretado. Mas, no fim das contas, praticamente um videoclipe.
© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.