Não é nenhuma novidade que Hollywood é bem rígida com suas agendas. Se algum artista pisa fora da linha traçada pela classe, imediatamente é escanteado – basta ver o caso de Jim Caviezel, ator de o Som da Liberdade, que passou a ter dificuldades para trabalhar com grandes estúdios após certas escolhas na carreira. A questão do momento é se isso tem chance de acontecer com a israelense Gal Gadot, de 38 anos, famosa por seus papéis como Mulher-Maravilha e Agente Stone e uma das três atrizes mais bem pagas da indústria segundo a Forbes.
Nascida em Petah Tikva, cidade próxima a Tel Aviv, ela tem perdido alguns fãs e seguidores, dentre eles os atores Rami Malek (o Freddie Mercury de Bohemian Rhapsody) e Ana de Armas (a Marilyn Monroe de Blonde). Isso não ocorre apenas porque seus últimos 23 posts no Instagram (fechados para comentários) tomam partido de Israel no atual conflito contra o Hamas, pedindo especialmente a liberação dos reféns, mas porque o jornal The Hollywood Reporter a apontou como responsável por organizar uma exibição de Bearing Witness, documentário de 47 minutos produzido com imagens gravadas pelas Forças de Defesa de seu país no dia do primeiro ataque.
O material foi exibido em 8 de novembro, no Museu da Tolerância, uma entidade em Los Angeles criada para educar as pessoas sobre o Holocausto. A ideia era mostrar para cerca de 200 pessoas da indústria cinematográfica como a existência de Israel está em risco. As imagens apresentadas não foram censuradas, chocando a plateia com diversas cenas de morte, explosões, abusos e outras atrocidades cometidas pelos terroristas.
Mas o evento, que deveria promover um debate sobre o tema, apontando como a ação terrorista do Hamas foi o estopim para a guerra, acabou em confusão entre manifestantes pró-Palestina e pró-Israel. Socos e pontapés foram trocados na ocasião, rendendo até uma nota crítica de Karen Bass, prefeita de Los Angeles, nas redes sociais: “Não podemos permitir que a atual tensão mundial se transforme nesta violência inaceitável em nossa cidade.”
Gal não estava presente, assim como outro organizador ilustre, o diretor Guy Nattiv, responsável pelo filme Golda - A Mulher de uma Nação. Contudo, o caos está sendo ligado ao nome dela, o que possibilita especular se alguns produtores e diretores não vão ficar com birra da atriz israelense, deixando de convidá-la para futuros papéis.
Heroína da vida real
É importante que uma atriz do porte de Gal Gadot tenha a liberdade para se expressar, defender sua terra natal e, acima de tudo, promover discussões embasadas em uma época de polarização extrema. Sua postura não deveria soar estranha aos seguidores que conhecem sua carreira e relacionamento com Israel.
Antes de viver a Mulher-Maravilha em quatro filmes, Gal já era considerada uma espécie de heroína por ter integrado as Forças de Defesa de Israel. O serviço militar é obrigatório no país, mas isso não exclui o fato de que, durante dois anos, ela fez parte daquele exército e até participou da guerra entre Israel e Líbano, em 2006.
Esse fato já atrapalhou a carreira da atriz no Oriente Médio. Em 2017, quando Mulher-Maravilha foi aos cinemas, o Líbano proibiu todas as exibições do longa-metragem duas horas antes de sua estreia. “Em primeiro lugar, ela é israelense. Não fazemos distinção entre um bom israelense e um mau israelense”, justificou Rania Masri, manifestante do movimento de boicote a apoiadores da guerra entre Israel-Líbano.
Apenas o tempo dirá se Gal Gadot terá sua carreira afetada negativamente por se expressar livremente sobre o conflito entre Israel e o Hamas. Mas, como ela própria afirmou em suas redes sociais: “O mundo não pode sentar em cima do muro enquanto esses horríveis atos de terrorismo acontecem”.
Como a eleição de Trump afeta Lula, STF e parceria com a China
Alexandre de Moraes cita a si mesmo 44 vezes em operação que mira Bolsonaro; acompanhe o Entrelinhas
Policial federal preso diz que foi cooptado por agente da cúpula da Abin para espionar Lula
Rússia lança pela 1ª vez míssil balístico intercontinental contra a Ucrânia
Deixe sua opinião