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Mark Wahlberg em imagem promocional do filme “Uncharted: Fora do Mapa”
Mark Wahlberg em imagem promocional do filme “Uncharted: Fora do Mapa”| Foto: Sony Pictures/Divulgação

De rapper a ator de comédias escrachadas e, finalmente, produtor de filmes com mensagens sobre família e fé. A trajetória do americano Mark Wahlberg é repleta de reviravoltas e projetos paralelos aparecendo aqui e acolá, como a abertura de uma lanchonete com os irmãos. Em 2023, ele parece mais focado do que nunca em realizar somente projetos edificantes e caros ao seu coração. Mas como ele conseguiu conquistar essa liberdade de fazer o que bem entende com sua carreira?

Quem viveu os anos 1990 com a cara colada na TV, talvez se lembre dele como Marky Mark, frontman do grupo de hip-hop The Funky Bunch, cujo clipe para a música Good Vibrations passava incansavelmente na programação da MTV Brasil. Muito do seu carisma estava lá, contudo não parecia que ele seria capaz de sair da sombra do irmão Donnie, membro da ilustre boyband New Kids on the Block. Hoje, não há dúvidas sobre qual foi mais longe.

Em 1993, Wahlberg abandonou a alcunha de Marky Mark e passou a estrelar filmes fracos de bilheteria, como a comédia Um Novo Homem e  Diário de um Adolescente. Seu primeiro papel de sucesso como protagonista só veio três anos depois, no cultuado Boogie Nights – Prazer sem Limites,  interpretando um ator pornô no final dos anos 70. O trabalho destoa da imagem familiar que o astro passa atualmente, mas o próprio já se posicionou sobre isso em 2017, em conversa com um sacerdote: “Espero que Deus seja fã de cinema e também me perdoe, porque fiz algumas escolhas erradas no passado. Boogie Nights está no topo da lista.”

Ursinho boca suja  

Depois da virada dos anos 2000, a imagem de bad boy de Wahlberg começou a virar coisa do passado. O êxito repetido nas películas Planeta dos Macacos, Invencível Os Infiltrados o aproximou de grandes nomes do cinema, como os diretores Tim Burton e Martin Scorsese, além de mostrar que ele tinha condições de encarar diferentes personas.

Seu principal hit veio em 2012, com Ted. O engraçadíssimo longa-metragem que acompanha um ursinho de pelúcia politicamente incorreto foi produzido com orçamento de 55 milhões de dólares e conseguiu levantar nas bilheterias quase dez vezes mais do que isso, tornando-se o segundo maior faturamento para um filme de comédia para adultos (atrás apenas de Se Beber Não Case! Parte II).

Com esse sucesso, Wahlberg poderia facilmente embarcar em uma carreira confortável, baseada em arrancar risadas com piadas escrachadas. Mas nesse momento ele entendeu que tinha virado um nome grande o suficiente para ser mais seletivo com projetos, respeitando sua fé. Exageradamente, ele pediu desculpas ao Papa Francisco por ter participado de Ted, sensibilizado ao saber que uma criança de 14 anos replicava algumas falas grosseiras do urso de pelúcia maconheiro.

“Depois que me concentrei na minha fé, coisas maravilhosas começaram a acontecer para mim. E não me refiro profissionalmente – não é disso que se trata”, contou o astro, em entrevista ao jornal britânico Catholic Herald. Hoje, ele frequenta a igreja todo domingo, participando de duas missas. “Muitas vezes, quando estou na igreja, as pessoas vêm até mim e dizem: ‘Você se importa se eu sentar e orar com você?' E elas começam a rezar e logo descubro que estão rezando para que meu novo filme seja lançado, seja um sucesso ou algo assim.”

Sem pecado e com juízo 

Cada vez mais fervoroso em sua fé católica, o perfil de seus papéis mudou bastante, especialmente depois do perdão pedido ao sumo pontífice. Wahlberg participa de histórias cada vez mais destinadas “a toda a família”, com destaque para a comédia feel good De Repente uma Família e para a aventura baseada no videogame Uncharted: Fora do Mapa.

A guinada veio para valer em 2016, quando começou a trabalhar no roteiro e na produção de Luta pela Fé – A História do Padre Stu, lançado em 2022. Wahlberg queria realizar um projeto que pudesse fortalecer a fé de quem fosse aos cinemas e conseguiu como aliado alguém com uma boa experiência nisso: o ator e diretor Mel Gibson. “Digamos que eu investi milhões e milhões de dólares no filme – e depois abracei outros custos porque ultrapassamos o cronograma de produção e precisávamos liberar algumas músicas”, revelou recentemente o ator, inspirado principalmente na trajetória de Gibson durante a produção do clássico A Paixão de Cristo.

Ao que tudo indica, Wahlberg continua preferindo o entretenimento mais conservador: ele estrela Plano em Família, comédia de ação familiar, que terá lançamento neste mês pela Apple TV+. Dando uma rápida olhada no trailer, fica a forte impressão de que ele se distanciou mesmo de roteiros ousados como os de Ted Boogie Nights.

“Não quero enfiar isso na garganta de ninguém, mas não nego minha fé”, disse Wahlberg em entrevista à revista Variety, em fevereiro. “Esse é um pecado ainda maior. Isso não é popular no meu setor, mas, não posso negar minha fé. É importante para mim compartilhar isso com as pessoas. Tenho amigos de todas as esferas da vida e de todos os diferentes tipos de crenças e religiões. É importante respeitá-los e honrá-los também.”

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