Entre o público brasileiro de talk shows americanos, Conan O’Brien nunca foi muito popular. Diferentemente de David Letterman, que teve seu programa de entrevistas exibido num canal por assinatura daqui durante anos, o ruivão de 1m93 ficou mais restrito aos Estados Unidos, onde permaneceu na televisão aberta por quase duas décadas (ainda que num horário bem avançado). Atualmente no comando de um podcast semanal, ele lança na plataforma Max uma série que parece de turismo, mas cujo foco está em suas piadas improvisadas, interações constrangedoras com anônimos e um toque de humor físico.
São quatro os episódios de Conan O’Brien Vai Nessa. Primeiramente, ele visita a Noruega, depois a Argentina, depois a Tailândia, e fecha a série na Irlanda de seus ancestrais. A desculpa para fazer essas viagens é encontrar ouvintes internacionais que entram ao vivo em seu podcast, o Conan O’Brien Needs a Friend (“precisa de um amigo”, em tradução literal). Em Bergen, Noruega, ele vai até a casa de Jarle, um fã de seu podcast que almeja deslanchar na carreira de rapper. Conan se oferece para gravar uma música com o garoto e fazer uma aparição em show, numa performance de pura galhofa.
Também na Noruega, ele conhece uma vila onde as pessoas vivem como vikings, uma dupla que cria salmões, um grupo que mata o tempo fazendo tricô e uma terapeuta sexual que tenta explicar o jeito inusitado como alguns escandinavos andam lidando com as relações amorosas. Tudo muito aleatório e com roteiro bem solto na maioria do tempo. O apresentador de 61, que antes de entrevistar na TV escreveu para o humorístico Saturday Night Live e para Os Simpsons, usa de sua vasta experiência criando comédia para extrair o máximo das situações improváveis.
Filhos sagrados da Argentina
No episódio argentino, acontecem algumas das cenas mais surreais de Vai Nessa. Logo no início da trip, Conan convence um ilustrador a fazer um grande mural em Buenos Aires com sua imagem entre as de Lionel Messi e do papa Francisco, com a legenda “filhos sagrados da Argentina”. Mas a melhor parte é quando ele encontra uma jovem fã numa praça. A garota é apaixonada por Larry David, o astro de Segura a Onda (Curb Your Enthusiasm). Conan diz a ela que tentou levar o próprio Larry para o apontamento, mas só conseguiu um sósia chamado Pablo, que fica tentando reproduzir o bordão “pretty, pretty, pretty good” enquanto a portenha gargalha.
Na Tailândia, Conan vai atrás da famosa e apimentada comida de rua de Bangkok, dá uma canja num programa televisivo de karaokê, luta muay thai com profissionais e se diverte comprando bugigangas num mercado fluvial – a tensão se instaura quando um vendedor enrola uma cobra em seu pescoço. Caçoar de hábitos e costumes de outros povos é algo que anda fora de moda, para não dizer que está proibido. Mas Conan ainda não foi avisado disso ou escolheu ignorar a regrinha.
O seriado chega ao fim na Irlanda, onde rolam os chistes mais pesados. Numa praça em Dublin, Conan inicia uma caçada para achar Bono, o vocalista do U2. A maneira de tentar atrair o “roqueiro do bem” é usar como isca um prêmio humanitário. Antes do arremate nas terras que um dia foram moradia de seu bisavô, o americano vai para um pub aprender as gírias e pronúncias típicas locais, sendo exposto ao melhor do humor afiado irlandês, que gera provocações como “para um ruivo, até que você não está mal”. O filtro politicamente correto de outras séries certamente barraria essa frase. Aqui, a piada vence.
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