Cena de “As 4 Filhas de Olfa”, documentário indicado ao Oscar| Foto: Synapse/Divulgação
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A família Chikhaoui é composta pela mãe e por quatro filhas. Duas delas ainda moram com a progenitora, já as outras duas... Foram comidas por um lobo! Assim começa As 4 Filhas de Olfa, documentário dirigido por Kaouther Ben Hania, que acaba de chegar aos cinemas brasileiros. Em 2021, a cineasta obteve pela primeira vez para a Tunísia a indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional por O Homem que Vendeu sua Pele.

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As 4 Filhas de Olfa, que no Oscar 2024 concorre ao prêmio de Melhor Documentário em Longa-metragem, brinca com a quarta parede, dando vida às filhas desaparecidas por meio de atrizes que interpretam as duas meninas. Nesse jogo de ficção e realidade, a protagonista do filme, Olfa, a mãe, cria uma memória dramática que nunca deixa de surpreender o espectador.

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O documentário atinge um equilíbrio muito complexo, em que a tragédia é envernizada pelo humor negro. Oferece uma impressão de autenticidade que emociona e prende a atenção pela clareza e nudez da exposição. Da hilária lembrança da noite de núpcias à meticulosa reconstrução do ambiente familiar, As 4 Filhas de Olfa gera uma empatia inimaginável, com mulheres capazes de sorrir, chorar e refletir abertamente sobre um passado e um presente simplesmente monstruosos. A cultura islâmica é mostrada no seu cotidiano mais crível com um ponto de vista crítico, que liberta as protagonistas com um exercício de catarse que tem alguns momentos fascinantes de verdade e de redenção.

Com uma hora e meia de duração, o filme de Kaouther Ben Hania é um estímulo intelectual e emocional de primeira linha. Sua estrutura é perfeitamente desenhada para que a intriga e o desenvolvimento dos personagens tenham uma evolução paralela e complementar, permitindo ao espectador fazer uma jornada tão engenhosa quanto chocante.

© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.

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