Uma comédia sobre um jovem que enriquece na Bolsa de Valores, um thriller com um matador de aluguel neurótico como protagonista e uma animação sobre uma lenda da música nacional. Aqui estão três filmes em cartaz nos cinemas brasileiros que podem render boas experiências para os que ainda preferem as telonas ao streaming (mas um deles já tem data para estrear na Netflix).
Dinheiro Fácil
Com um canal no YouTube e aparência bizarra, Keith Gill conseguiu transformar suas economias em uma das maiores riquezas de Wall Street. Em janeiro de 2021, ele investiu 53 mil dólares em ações da empresa de videogames GameStop e, em algumas semanas, converteu esse dinheiro em uma fortuna de cerca de 50 milhões de dólares.
O australiano Craig Gallespie, responsável por filmes como Eu, Tonya, Cruella e A Garota Ideal, é o diretor perfeito para dirigir esta comédia, baseada no livro de Ben Mezrich. Com papéis excelentes para os atores Paul Dano e Shailene Woodley, o longa tem diversos momentos divertidos que retratam a loucura e a vacuidade do poder e do dinheiro. No entanto, vale notar que existem muitas semelhanças com o estilo mais ensimesmado e hiperativo de Adam McKay, diretor de Não Olhe para Cima e Vice. Pena queDinheiro Fácil não chegue aos pés do melhor trabalho de McKay: A Grande Aposta. O tom vulgar e elementar dos diálogos é muito insistente, dando pouco espaço ao drama dos personagens. (Claudio Sánchez) Original em espanhol.
O Assassino
“Siga o plano.” Essa frase é repetida vez ou outra na cabeça do meticuloso assassino protagonista deste filme, interpretado por Michael Fassbender, remetendo ao estilo impassível do personagem vivido por Ryan Gosling em Drive. Isso é porque o novo filme de David Fincher, que chega nesta sexta (10) no catálogo da Netflix, tem muito a ver com a obra lançada pelo diretor Nicolas Winding Refn, em 2011. Ambos apresentam um thriller com cenas bastante estilizadas.
O texto, baseado na história em quadrinhos de Alexis Nolent, fortalece o nome do roteirista Andrew Kevin Walker, que, depois de fazer um grande trabalho em Se7en – Os Sete Crimes Capitais, primeira obra-prima de David Fincher nos anos 90, não teve a evolução esperada em filmes como O Lobisomem (2010) ou Golpe de Sorte (2022).
A trama é contada com o uso excessivo dos pensamentos do próprio assassino, guiando o espectador no que deveria ser uma perversa porém fascinante descida ao inferno. No entanto, neste sensacional cenário montado por Fincher, falta um personagem principal mais carismático e menos imutável. Aquém das expectativas, o plano do assassino é bem pouco criativo, deixando claro que o longa-metragem é muito mais um exercício de talento visual do diretor, sem o impacto dramático dos melhores thrillers. (C.S.) Original em espanhol.
Atiraram no Pianista
Depois da animação Chico e Rita, o cineasta Fernando Trueba e o animador multifacetado Javier Mariscal, ambos espanhóis, voltam a se unir para contar a história de Tenório Jr., pianista brasileiro que desapareceu misteriosamente na Argentina, no ano de 1976, poucos dias antes do golpe militar naquele país.
O filme é, na verdade, a pesquisa que Trueba fez, transformada em roteiro por um escritor que, por meio de entrevistas, tentou resolver o mistério do desaparecimento do músico. Com uma pegada documental e de investigação jornalística, a trama empaca em alguns momentos, mas há de se reconhecer que, visualmente e musicalmente, o filme é belíssimo.
Trueba e Mariscal imprimem ritmo e cor à tela – que, se for das grandes, converte o filme em um espetáculo. E, como defende Trueba, contar a história usando a animação permitiu uma abordagem sobre o músico que, de outra maneira, resultaria impossível. Isso porque, embora muito se destacasse com seu talento musical, o carioca Tenório Jr. morreu pouco antes de conseguir fama, tendo apenas um disco solo publicado. (Ana Sánchez De La Nieta) Original em espanhol.
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