“Dezesseis Facadas” acerta ao misturar terror com comédia e viagem no tempo

Por mais que não seja uma tradição brasileira celebrar o Dia das Bruxas em 31 de outubro, é cada vez mais difícil fugir dos gracejos que envolvem essa data. Ainda não temos muitos garotos batendo nas casas e questionando “doces ou travessuras?”, mas lanchonetes, escolas de inglês e canais de YouTube, só para citar alguns negócios, adotam o tema ao longo do mês. No setor audiovisual, é o momento em que mais filmes de terror estreiam no cinema e no streaming. E, de tudo que foi lançado em 2023, dá para cravar (sem trocadilho) que Dezesseis Facadas é a melhor opção para quem deseja entrar no clima.

O filme do Prime Video é uma mistura de terror com comédia e viagem no tempo. Tem piadas com drogas e sexo, além de mortes sanguinolentas, logo, não é um produto para se ver com a família reunida. Mas, pela mistura de gêneros, acaba se tornando uma obra capaz de divertir quem não suporta filmes típicos de horror. E tem um atrativo especial para o espectador mais experiente que está cansado do padrão woke: a protagonista jovenzinha passa um tempo em 1987 e fica em choque com a forma como a moçada da época se expressava e tocava o terror (de novo, sem trocadilho).

A garota em questão é Jamie, papel da cativante Kiernan Shipka (das séries Mad Men: Inventando Verdades e O Mundo Sombrio de Sabrina), habitante de uma cidadezinha que foi aterrorizada por um assassino em série mascarado responsável pela morte de três estudantes no Halloween de 35 anos atrás. Com a proximidade da data, os cidadãos que viveram aquele pânico de perto começam a temer por um novo ataque – que de fato acontece, vitimando a mãe de Jamie. Aí entra o elemento de fantasia, com a garota sendo enviada para 1987 na máquina do tempo de uma amiga para tentar impedir os primeiros assassinatos (todos realizados com dezesseis estocadas de faca, daí o nome do filme em português) e assim impactar no futuro, salvando a vida de sua mãe.

É preciso entrar no espírito da aventura e não questionar a veracidade da história. Graças à delirante viagem no tempo, Dezesseis Facadas  entrega o seu melhor, que é colocar uma autêntica jovem de 2023 tentando sobreviver à aspereza de 1987. Mesmo com De Volta para o Futuro  bombando no cinema, ninguém bota fé que Jamie veio do futuro. E, quando ela tenta explicar as desgraças do futuro, como as dancinhas do TikTok, o convencimento é baixo. As pessoas que mais se sensibilizam com sua missão na década de 80 são a versão adolescente de sua mãe e a versão adolescente da mãe de sua amiga que construiu a máquina do tempo.

Com essas poucas aliadas, Jamie tenta impedir o serial killer de fazer suas primeiras vítimas, bem como tenta descobrir sua identidade secreta. Não deixa de ser uma homenagem às franquias de terror que tanto sucesso fizeram nos anos 80, como a própria Halloween, do assassino Michael Myers, e Sexta-Feira 13, de Jason Voorhees. E até tomando esses clássicos como base, o sucesso de Dezesseis Facadas  poderá ser medido conforme novas sequências forem sendo produzidas. A parte 2 ainda não foi confirmada, mas rumores dão conta de que ela é tão inevitável quanto a morte (isso mesmo, sem trocadilho).