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Argentina, Equador, República Dominicana, Jamaica e até a Venezuela estão entre os 21 países onde o seriado DNA do Crime ficou em primeiro lugar no ranking de mais assistidos da Netflix no mês de novembro. A produção brasileira, lançada no começo de novembro, já computa mais de 50 milhões de horas assistidas na plataforma e entrega ao nosso país um triunfo que pode até ser comparado ao de Narcos. Mas o que está gerando todo esse sucesso?
O roteiro acompanha Benício e Suellen, dois policiais interpretados por Rômulo Braga e Maeve Jinkings. Eles trabalham em casos federais e estão sediados em Foz do Iguaçu, onde vivem uma caçada intensa a uma quadrilha que assalta bancos na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. É da relação da dupla que muitos elementos interessantes do seriado surgem. Enquanto Benício deseja desmantelar a gangue para vingar a morte de seu antigo parceiro, Suellen acaba de voltar da licença-maternidade e sente que precisa provar seu valor dentro da Polícia Federal.
A relação nessa parceria improvável entre os dois policiais lembra muito a de produções americanas, com falas clichês sobre seguir regras e criticar instituições, mas nada que estrague a imersão – na verdade, isso ajuda o drama a funcionar bem em outros países. Mas problemas tipicamente brasileiros os trazem de volta para a realidade de quem vive no país.
No primeiro episódio, o espectador entende que está de frente com uma grande produção. Há cenas de perseguição, tiroteio e acidentes mirabolantes de carro que parecem saídos diretamente de alguma série americana, mas rodada em estradas brasileiras e com bloqueios feitos pela Polícia Rodoviária Federal. A caracterização dos bandidos também é bastante convincente para quem já foi vítima da onipresente criminalidade brasileira.
Assalto paraguaio
Resolvida em oito capítulos, a trama de DNA do Crime é baseada em uma ocorrência que de fato existiu. Em 2017, uma seguradora paraguaia foi assaltada por uma gangue daqui, que embolsou oito milhões de dólares com o uso de 30 criminosos, bombas e tudo mais. O caso foi noticiado na época como “o maior assalto da história do Paraguai”, mas não acabou bem para os bandidos.
Tanto na série quanto na vida real, o ponto de virada acontece quando a Polícia Federal decide usar a análise de DNA para ajudar na investigação – daí vem o nome do lançamento. A tecnologia ajudou os policiais a conectar os envolvidos a crimes em outros sete estados brasileiros, rendendo para a instituição o “Oscar do DNA”.
Para tornar o seriado interessante e enchê-lo de reviravoltas, o roteiro acrescenta algumas dores de cabeças e toma liberdades, tanto que o final deixa pontas soltas, abrindo possibilidade para outras temporadas. Tudo isso enriquece a história e possibilita que um caso de sucesso da polícia brasileira se torne um produto de alto nível. É um acerto do audiovisual nacional e uma mensagem clara contra a criminalidade e a corrupção no país, já bem retratadas em Tropa de Elite, Assalto ao Banco Central e Cidade de Deus. Se esses filmes te agradaram, faz todo sentido dar uma chance para DNA do Crime.