Millie Bobby Brown e Chris Pratt encabeçam o elenco do filme da Netflix| Foto: Divulgação Netflix
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É incômodo elogiar um filme como The Electric State, que está sendo massacrado por boa parte da crítica. Mas acho justo destacar também as muitas virtudes deste nostálgico e impressionante épico de ficção científica, a produção mais cara da história da Netflix, com um orçamento de US$ 320 milhões. Porque é uma valiosa tentativa de recuperar o espírito cinéfilo, espetacular e positivo dos grandes filmes para toda a família dos anos 80 e 90 do século passado, tendo Steven Spielberg como principal referência. Sua influência fica evidente neste filme dirigido e produzido pelos irmãos Anthony e Joe Russo, responsáveis ​​por vários dos melhores filmes de super-heróis da Marvel, como Vingadores: Guerra Infinita (2018).

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O ambicioso roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely adapta a história em quadrinhos do versátil artista sueco Simon Stålenhag, que imagina um passado alternativo ao real. Em 1990, os numerosos robôs usados ​​pelos humanos rebelam-se, exigem os seus direitos, lutam contra a humanidade, perdem a guerra e 6 mil dos sobreviventes são presos na desértica e inacessível Zona de Exclusão. É para lá que Michelle (Millie Bobby Brown), uma órfã rebelde e imprudente, dirige-se em 1994 após encontrar Cosmo, um simpático autômato que afirma ser controlado mentalmente por Christopher (Woody Norman), o irmãozinho muito inteligente da menina, a quem ela deixou para morrer em um acidente. Eles serão acompanhados em sua odisséia pelo hostil sudoeste dos Estados Unidos por um ex-soldado chamado Keats (Chris Pratt) e seu inseparável robô Herman.

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É inegável The Electric State sofre alguma queda de ritmo em sua seção central e, às vezes, não atinge a vibrante capacidade cômica ou emocional de algumas de suas referências: Encurralado, E.T. O Extraterrestre, WALL-E, Jogador Nº 1... Porém, seus sensacionais efeitos visuais são avassaladores nas sequências de ação, e seus sugestivos designs retro-futuristas conseguem humanizar os robôs a ponto de emocionar o espectador com seus dramas. E essa demonstração técnica é reforçada com as atuações impecáveis ​​de Millie Bobby Brown – a inesquecível Eleven do seriado Stranger Things –, Chris Pratt e coadjuvantes de luxo como Stanley Tucci.

Tais esforços formais e interpretativos ocultam as irregularidades no desenvolvimento da trama e dão substância à sua crítica certeira à crueldade terapêutica, a uma visão antiética do progresso científico e à crescente desconexão entre os seres humanos devido às telas e à realidade virtual. E assim o filme culmina com uma exaltação vibrante da fraternidade, amizade e solidariedade, e uma reflexão profunda e comovente sobre o significado do sofrimento e do sacrifício em favor do bem comum. Tudo isso, muito bem acompanhado pela partitura variada do compositor e maestro Alan Silvestri e uma maravilhosa seleção de músicas retrô (mas nem tanto).
© 2025 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.

  • The Electric State
  • 2025
  • 128 minutos
  • Indicado para maiores de 12 anos
  • Disponível na Netflix