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Série "Eric" conta história de um ator de marionetes que vive seus piores momentos ao ter o filho desaparecido.
Cena de “Eric”, série com atuação brilhante de Benedict Cumberbatch, um ator de marionetes que vive seus piores momentos ao ter o filho desaparecido.| Foto: Divulgação/Netflix

As primeiras cenas de Eric apresentam os pais de um menino de nove anos em uma coletiva de imprensa. “Há 48 horas, Edgar Anderson foi visto pela última vez, por volta das 8h, a caminho da escola. Se você tiver qualquer informação, por favor, se manifeste. Ajude a trazer esse garoto à sua casa. Convido os pais do Edgar a dizerem algumas palavras”, diz o repórter. É quando o pai do menino, Vincent Anderson, diz diante das câmeras: “Edgar, se você está assistindo isso… Me desculpe, amigão. Volta para casa, tá?”  

Já fica clara a narrativa não linear e a expectativa sobre o que está por vir na nova série da Netflix, que conta a história perturbadora de um pai desesperado para encontrar o filho desaparecido. Vincent - brilhantemente vivido por Benedict Cumberbatch, de Doutor Estranho e O Jogo da Imitação - trabalha como ator de marionetes em um dos principais programas do gênero dos Estados Unidos, Good Day, Sunshine

Cansado e estressado com todas as tentativas de conseguir mais espectadores, além de estar em um casamento em crise, o ator não tem dado atenção suficiente ao garoto, além de exagerar no álcool e ter uma língua extremamente afiada com qualquer um. Já o filho Edgar (Ivan Morris Howe) é um desenhista prodígio que carrega o mesmo dom do pai e seu desejo é criar um fantoche para o programa. 

E é aí que a trama engrena: após uma discussão entre Vincent e a esposa, Cassie (Gaby Hoffmann), o pequeno vai para a escola e desaparece no caminho - isso na Nova York dos anos 80, período conhecido pela criminalidade em ascensão na cidade. A partir dessa premissa, a trama vai ganhando novos mistérios, aflições e protagonistas.   

Personagens tão complexos quanto o tema 

Para entender a história de Eric precisamos entender também os personagens. O mais contraditório e complexo deles é o pai. A personalidade de Vincent é dissecada a cada episódio. Aos poucos, cada medo, vício e paranoia vai sendo evidenciado. A tragédia faz com que todos os seus defeitos sejam colocados à tona e a cada episódio Vincent prova estar em franca decadência. 

Na busca pela criança, marido e mulher tomam caminhos diferentes. Cassie distribui folhetos, procura a polícia e passa noites em claro atrás do garoto. Enquanto o pai tem uma ideia curiosa. A partir de um desenho do monstro criado pelo menino e batizado de Eric, ele acredita que pode convencer Edgar a voltar para casa.  

Seu plano é justamente fazer com que o personagem ganhe vida na televisão na esperança de que o filho assista e seja convencido a voltar. O drama fica mais emocionante e desconexo da realidade quando parte da sua angústia se transforma no boneco gigante e temperamental que começa a segui-lo pelas ruas. É o próprio personagem criado pelo filho, que, na série, também é dublado por Cumberbatch.   

A trama se desenrola contando também sobre os submundos da cidade. Vem à tona uma realidade à margem da metrópole, dentro dos esgotos, onde a rede do crime encontra subsídio para se desenvolver. Entra em cena, então, um outro personagem-chave, o detetive Michael Ledroit (McKinley Belcher III), que em uma busca incansável pelo menino começa a desvendar uma trama de corrupção envolvendo o desaparecimento de crianças.  

A série demora para explicar todas as conexões, mas faz isso de forma brilhante em um final triunfal. A dica para entender é prestar muita atenção nas pequenas indicações que o diretor joga aos poucos. O resultado? Uma produção envolvente, com excelentes atuações e temas pertinentes - e quem sabe alguns Emmys em breve. 

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