Os verdadeiros fãs de humor estão cansados de saber que piadas não devem ser levadas a sério. The Roast of Tom Brady, novo especial de comédia da Netflix, exemplifica essa ideia com perfeição. O formato, que teve um boom na televisão americana a partir da década de 1970, coloca um convidado ilustre no centro de uma arena para que humoristas façam troça com fatos de sua vida pessoal e profissional. Personalidades como Donald Trump, Charlie Sheen, Justin Bieber e Pamela Anderson já passaram por um roast e seguiram com suas carreiras normalmente.
Com Tom Brady, ex-quarterback do New England Patriots e maior nome do futebol americano, a "fritada” ganhou nova escala. Não à toa, a propaganda diz que esse é “o maior roast de todos os tempos”. A qualidade das piadas não difere das proferidas em eventos anteriores – por vezes sensacionais, por vezes sem tanta graça. Mas o número de convidados e a duração do espetáculo equivale ao dobro de uma fritada convencional. Ao longo de três horas, não faltam chistes sobre o divórcio entre o atleta e a supermodelo brasileira Gisele Bündchen e sobre seu envolvimento com um escândalo de criptomoedas que o fez perder 30 milhões de dólares.
Além de humoristas como Kevin Hart, Nikki Glaser, Bert Kreischer e Will Ferrell, ex-companheiros de time de Brady, como Drew Bledsoe, Julian Edelman e Rob Gronkowski, distribuem gracejos em cena. Para os fãs de futebol americano, essa união deve ser a parte mais divertida. Bledsoe, por exemplo, brinca bastante com o fato de uma lesão sua ter permitido a Brady construir uma trajetória de sucesso. Em uma tirada um pouco mais pessoal, também se vangloria de conseguir celebrar algo que Tom jamais conseguirá: “um aniversário de 28 anos de casamento”.
O próprio New England Patriots é alvo de muitos convidados. A zoeira que mais irrita Brady, fazendo-o levantar e mandar o humorista Jeff Ross parar, é uma acusação de que ele fez massagem para conquistar Robert Kraft, o dono do time, que protagonizou um escândalo de prostituição num spa em 2020. A equipe também é achincalhada por supostamente ter trapaceado em algumas ocasiões, filmando o treino de rivais e usando bolas mais leves em algumas partidas.
Muito além do esporte
Mesmo para quem não é muito ligado em futebol americano, The Roast of Tom Brady é um produto que entretém, pois nenhum assunto parece proibido. Há quem faça piadas ligando Brady a Trump e Adolf Hitler, mas há também quem critique a Netflix por tomar cada vez mais decisões ligadas à diversidade.
Em um momento crucial, o chefão do UFC, Dana White, pega o microfone para fazer uma crítica e solta: “Eu voei até aqui e vocês só me dão 60 segundos? Meu nome é Dana. Isso não é trans o suficiente para vocês liberais de m****?”. Surpreendentemente, esse trecho entrou no corte final do produto, que foi transmitido ao vivo pela plataforma de streaming e, depois, levemente editado (sem nenhuma carnificina).
Comentários como esse e outros mais woke, como categorizou Drew Bledsoe em uma de suas tiradas, provam que o roast é mais do que um festival de risadas às custas de alguém bem-sucedido. O formato é uma celebração da liberdade de expressão e um dos poucos produtos culturais onde direita e esquerda não se anulam: todos podem falar o que quiserem.
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