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Colin Farrell está irreconhecível como o personagem titular em "Pinguim"
O ator Colin Farrell está irreconhecível como o personagem titular em “Pinguim”| Foto: Max/Divulgação

Quando o tema é “super-heróis no audiovisual”, muitos rolam os olhos, fecham os ouvidos e pensam: “mais uma história dessas sendo produzida?” Realmente, a Disney e a Warner Bros. esgotaram praticamente tudo que o mundo dos quadrinhos tinha de bom, oferecendo filmes carregados de efeitos computadorizados e roteiros meia-boca. Esse não é o caso de Pinguim, nova série do Max que esmiúça a trajetória de um famoso vilão do Batman.

Para quem leu as críticas negativas de Coringa: Delírio a Dois, pode ser surpreendente descobrir que uma série do mesmo universo vale o tempo investido nela. O novo seriado foi feito por Matt Reeves, diretor e roteirista que foi capaz do improvável: transformar o galã sem sal de Crepúsculo em um Batman “bacanudo”. É de se esperar algo melhor do que o filme musical com Lady Gaga dirigido por Todd Phillips, que antes de Coringa se consagrou com o besteirol Se Beber, Não Case!.

Pinguim continua a história do Batman de 2022, mas sem mostrar o homem-morcego vivido por Robert Pattinson em nenhuma cena. O foco está em Oswald “Oz” Cobb, que deseja se transformar em um “poderoso chefão” na cidade fictícia de Gotham. Embora não pareça, quem vive o vilão nas telas é o ator Colin Farrell, irreconhecível graças à maquiagem e às próteses pesadas. O irlandês havia se destacado no longa de dois anos atrás, mas só agora sua atuação é verdadeiramente colocada à prova. 

Em oito episódios com mais de uma hora cada, Farrell deixa seu sotaque irlandês de lado e convence como um mafioso à moda Tony Soprano ou Tony Montana, para citar dois bandidos célebres da tevê e do cinema. O ator domina o caminhar do personagem, que possui um pé deformado e anda da mesma forma que um pinguim. Mesmo com o rosto praticamente desfigurado, o intérprete faz toda a diferença, reproduzindo as expressões asquerosas do criminoso presentes nos quadrinhos.

Sem cartola e sem monóculo 

Quem assistia ao seriado do Batman nos anos 1960, estrelado por nomes como Adam West e Burgess Meredith, pode estranhar Pinguim. A nova minissérie deixa de lado as cores e o aspecto caricato das HQs, optando por uma narrativa muito mais realista e fria. 

O clima lembra bastante o do próprio Batman de 2022, em que o herói era apenas um detetive fantasiado e seus rivais agiam como verdadeiros sociopatas. Sem sua cartola e monóculo, Cobb é reinventado na forma de um bandido de rua que cresceu dentro da máfia e agora precisa se livrar de uma besteira que fez: ele matou o herdeiro de um chefão do crime na cidade de Gotham. 

Nos anos 1960,o ator Burgess Meredith viveu uma versão mais caricata do Pinguim
Nos anos 1960, o ator Burgess Meredith viveu uma versão mais caricata do Pinguim| ABC/Reprodução

O personagem usa da sua lábia e falta de caráter para enganar duas famiglias, os Falcone e os Moroni. Também conta com a ajuda de Victor, um jovem que tenta roubar o carro do Pinguim, mas acaba “adotado” por ele como seu lacaio. Nos três primeiros episódios disponibilizados (será um por domingo até o dia 10 de novembro), o espectador vê a relação de ambos se aprofundar, enquanto Cobb se torna cada vez mais Pinguim, por assim dizer. 

Audiência de milhões

A minissérie é um fenômeno no Max e, segundo a plataforma, foi sua melhor estreia desde a primeira temporada de The Last of Us, lançada no ano passado. Para se ter noção, apenas nos Estados Unidos, a estreia de Pinguim teve 5,3 milhões de pessoas assistindo ao seriado. 

A trama pode não ser para todos, especialmente para quem está acostumado a um Batman mais tradicional, como o vivido por Michael Keaton, em 1989. Mas é uma história muito bem construída, destinada a agradar quem gostou de produtos como Família Soprano, Succession Boardwalk Empire. Não faltam momentos dramáticos e aqueles que deixam o espectador curioso para saber como Cobb sairá de uma enrascada.

O único detalhe é que não tem como curtir Pinguim sem assistir ao Batman de 2022. Muitos elementos daquela história se fazem presentes aqui e não podem ser ignorados. Mas compensa dedicar quase 3 horas ao filme com Pattinson e Farrell para depois aproveitar o seriado que é um dos grandes lançamentos de 2024. Caso já tenha assistido à obra de Matt Reeves e não gostado, o melhor a se fazer é passar longe e rever Batman – O Retorno, com Danny DeVito encarnando o tal do Pinguim. Com a versão de Tim Burton, não tem erro. 

  • Pinguim
  • 2024
  • Oito episódios
  • Indicado para maiores de 16 anos
  • Disponível no Max
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