Muito mais famoso dentro dos Estados Unidos do que fora, ele nunca se apresentou no Brasil| Foto: TIMOTHY A. CLARY/AFP

O músico norte-americano de rock Tom Petty, que vendeu mais de 80 milhões de discos em sua carreira, morreu nesta segunda (2), aos 66 anos.  

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Ele foi encontrado na noite de domingo (1º), em sua casa em Malibu, Califórnia, sem respirar. Vítima de um infarto, Petty foi reanimado, mas não apresentou atividade cerebral desde então. Ele morreu após o desligamento de aparelhos que o mantiveram respirando por cerca de 12 horas.  

Sua morte chegou a ser anunciada na tarde de segunda (2) por alguns veículos da imprensa norte-americana, mas o desligamento dos aparelhos só foi confirmado horas depois.  

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Carreira

Nascido em Gainsville, na Flórida, em 20 de outubro de 1950, Petty decidiu formar uma banda de rock aos 13 anos, quando viu os Beatles se apresentando no programa de TV de Ed Sullivan, em 1964.  

O garoto não poderia supor que seu sucesso o levaria até a integrar uma banda ao lado do Beatle George Harrison (1943-2001). Os dois participaram do supergrupo Travelling Wilburys, em 1988, com Bob Dylan, Jeff Lynne e Roy Orbison (1936-1988).  

Mas a banda com a qual Petty colocou seu nome entre os grandes do rock foi The Heartbreakers. Na metade dos anos 1970, Petty estava na Mudcrutch. Quando esse grupo acabou, em 1976, ele convenceu dois integrantes, o guitarrista Mike Campebell e o tecladista Benmont Tench, a acompanhá-lo numa carreira solo.  

O primeiro disco, "Tom Petty & The Heartbreakers", não causou impacto, apesar do hit "American Girl". Foi até melhor nas paradas inglesas, onde o emergente punk rock preparou o terreno para a música simples e direta, um tanto retrô, que Petty produzia.  

Mas o sucesso só veio mesmo com o terceiro álbum, "Damn the Torpedoes", em 1979. O disco vendeu dois milhões de cópias e apresentou singles que agradaram: "Don't Do Me Like That", "Refugee" e "Her Comes My Girl".  

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O álbum seguinte, "Hard Promises", de 1981, trouxe seu maior hit na carreira, "The Waiting", também o primeiro clipe do cantor tocado exaustivamente na recém-criada MTV.  

Petty alternou discos com os Heartbreakers - foram 13 no total - e três trabalhos solo. Além do Travelling Willburys, teve outro projeto paralelo, a reestruturação do Mudcrutch, na década passada, que rendeu mais dois discos.  

Muito mais famoso dentro dos Estados Unidos do que fora, ele nunca se apresentou no Brasil.  

Com voz um pouco fanha, uma assumida timidez no palco - que ele conseguiu transformar em traço característico- e muito talento na guitarra, Petty ganhou a posição de grande estrela da música americana porque estava no lugar certo na hora certa.  

No fim dos anos 1970, seu contrato era com o selo Backstreet, comandado por malucos nostálgicos que priorizavam rock das antigas, música de farra com guitarras ferozes. Música de bar de beira de estrada, muito distante do som sintetizado do pós-punk e da new wave, os gêneros que estavam tomando as paradas.  

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Petty foi ajudado por uma turma. No caso, a turma de Bruce Springsteen. Puxados por esse ídolo que já estava assumindo o lugar de grande herói do rock branco americano, outros cantores e compositores que queriam fazer versos sobre seu cotidiano foram ganhando espaço nas rádios. 

Springsteen e Petty compartilhavam público com John Mellencamp, Jackson Browne e até com fãs dos mais velhos e tranquilos James Taylor e Paul Simon. Sobre todos esses trovadores se projetava a sombra maior de Bob Dylan, influência para a turma.  

Petty acabou sendo fundamental para incentivar a carreira de Dylan em seus momentos mais claudicantes. Ele e os Heartbreakers foram banda de apoio de Dylan em vários shows, e essas viagens juntos fizeram o veterano se reaproximar do rock.  

Pelo menos três álbuns são fundamentais para a compreensão da força da música de Petty: o citado "Damn the Torpedoes", seu primeiro disco solo, "Full Moon Fever" (1989), com o hit "Free Fallin'", e o disco mais poderoso de sua união com os amigos do Heartbreakers, "Into the Great Wide Open" (1991). A música título deste último tem clipe estrelado por Johnny Depp.  

Esses discos chegaram a figurar entre os cinco mais vendidos nos Estados Unidos em seus lançamentos. Mas, curiosamente, o único álbum de Petty que chegou ao topo da parada americana foi o mais recente com os Heartbreakers, "Hypnotic Eye", de 2014.  

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Na verdade, é difícil discernir os trabalhos de Petty em fases. Suas crônicas urbanas com algum romantismo e guitarra poderosa formam uma obra densa, monolítica. Com seu ídolo Dylan, ou seus mestres do blues.  

Petty se casou três vezes e deixa as filhas Adria, cineasta, e AnnaKim Violette, artista plástica.