"Não é hora de chorar, é hora de orar", diz Philip Murdoch, interpretado por Dan Stulbach, aos filhos no filme Fé Para o Impossível, em cartaz nos cinemas. Além do ator, o longa brasileiro é estrelado por Vanessa Giácomo, que leva às telas a emocionante história real de Renee Murdoch. Pastora norte-americana residente no Brasi, Renee foi vítima de um ataque brutal enquanto fazia sua corrida matinal no Rio de Janeiro, em 2012. Um morador de rua, de forma inesperada e violenta, golpeia sua cabeça com um pedaço de madeira, deixando-a entre a vida e a morte.
O caso ganhou ampla repercussão na mídia, sendo noticiado pelos principais jornais televisivos do país na época. Um trecho do Jornal Nacional, com William Bonner comentando o trágico incidente, aparece no filme, reforçando o impacto que o caso teve na opinião pública. A história acompanha a jornada de um marido que, diante da grave condição da esposa, se desdobra entre o cuidado com os filhos e a busca por forças para enfrentar a incerteza, apoiando-se na providência divina. O drama familiar mostra a força da fé em momentos de tribulação.
A produção se insere na crescente tendência de séries e filmes religiosos e conservadores, que conquistaram espaço no cinema nos últimos anos. Como comparação, títulos como O Som da Liberdade, A Forja e The Chosen demonstraram o potencial desse nicho ao atrair grandes bilheteiras e fomentar discussões nas redes sociais. Fé Para o Impossível segue essa receita, engajando um público fiel que valoriza narrativas inspiradoras sobre superação e justiça.
O longa também recebeu apoio de personalidades influentes. Luciano Hang, dono da Havan, promoveu a exibição do filme em cinemas dentro de suas lojas no Sul do Brasil, incentivando o público pelas redes sociais. Na semana de estreia, a produção atraiu 74,73 mil espectadores, ficando entre os filmes mais assistidos no país, atrás apenas de Ainda Estou Aqui, que teve 77 mil ingressos vendidos, segundo a Comscore. Desde o lançamento, em 20 de fevereiro, Fé Para o Impossível segue em cartaz em diversas salas do Brasil.
Lidando com a dor
A forma como cada um dos quatro filhos reage à situação da mãe dá profundidade à narrativa, refletindo diferentes maneiras de lidar com a dor. Um dos filhos confronta o pai, buscando culpados; a filha mais velha assume uma postura solidária, cuidando dos irmãos menores; outra, expõe sua angústia de forma mais explícita; o caçula, obediente, chora sozinho, escondido. A obra ilustra como, em uma família numerosa, o sofrimento pode ser compartilhado e transformado em força para superar as adversidades.
Em tempos de vida acelerada e encontros virtuais, o filme convida o público a refletir sobre a fragilidade da existência e o valor das relações familiares. "A oração é o início da batalha", diz Philip em uma das cenas mais marcantes. A mensagem central reforça que, diante da incerteza, a fé e a família são um refúgio poderoso.
Apesar do forte apelo emocional e do impacto da história real, Fé Para o Impossível tem alguns pontos fracos. As atuações dos atores brasileiros, acostumados ao formato de novela, nem sempre convencem no cinema, tornando algumas cenas artificiais. Além disso, a narrativa por vezes se torna exaustiva, sem momentos de respiro para o público absorver a emoção.
Com base no livro Dê a Volta por Cima, escrito por Renee e Philip Murdoch, o filme é dirigido por Ernani Nunes e roteirizado por Guilherme Ruiz e Carolina Minardi, buscando fidelidade à história real. Ainda que tenha uma abordagem religiosa, a condução é bastante sutil, destacando a oração e a união familiar sem aprofundar aspectos doutrinários.
No balanço final, Fé Para o Impossível é um filme que desperta a empatia e reforça a importância da fé e da família. Seu impacto emocional e a mensagem positiva fazem dele uma experiência valiosa para quem busca um entretenimento inspirador.
- Fé para o impossível
- 2025
- 100 minutos
- Indicado para maiores de 12 anos
- Em cartaz nos cinemas
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