Os filmes de super-heróis da Marvel hoje são quase uma unanimidade entre o grande público. Até maio deste ano, os 31 longas-metragens da franquia tinham movimentado mais de 28 bilhões de dólares nos cinemas, passando outras marcas consagradas como Star Wars, 007 e Harry Potter. Mas nem sempre essas histórias fantasiosas renderam blockbusters. Isso só mudou com a ascensão do escritor Stan Lee, objeto de estudo de um documentário que acaba de ser lançado pelo Disney+.
Batizada sem qualquer criatividade de Stan Lee, a produção acompanha a vida do escritor desde seu nascimento, em 1922, mostrando todos os passos até sua chegada ao mundo das revistas em quadrinhos, que foi totalmente por acaso. Cada momento é narrado por Lee, utilizando áudios e vídeos retirados de diversas fontes. O documentário deixa o espectador com a sensação de estar sentado em uma sala com o próprio gênio, em uma conversa muito aberta e inspiradora sobre sua trajetória.
Embora tenha sido o garoto-propaganda da Marvel, algo reforçado por suas aparições em diversos filmes do estúdio, Lee não é seu fundador. Aos 16 anos, ele queria um emprego para se bancar e passou a trabalhar como assistente na Timely Comics, como era conhecida a empresa à época. Além de ajudar os quadrinistas da publicação, atuava como um revisor das histórias de personagens como o Capitão América, até que foi chamado para assumir o cargo de editor, quando houve uma debandada na revista.
Vergonha da profissão
É a partir deste ponto que Lee começa a sua trajetória icônica à frente da publicação – inicialmente, apenas movido pela necessidade de pagar suas contas. Em dado momento, confidencia que escrevia muitas das HQs para pagar gastos da casa e compras de itens desejados por sua esposa, Joan.
O quadrinista, que morreu em 2018, aos 95 anos, também conta que tinha vergonha de assumir que escrevia histórias de super-heróis. Nas décadas de 1950 e 1960, a sociedade americana criticava as revistas que não traziam nada de valioso para crianças (ao menos era o que se pensava). Frustrado com isso, Lee conversou com a esposa, que lhe deu a ideia de criar seus próprios personagens, trazendo-os mais próximos da realidade.
Desse estalo nasceram personagens como Homem-Aranha, Homem de Ferro, o Quarteto Fantástico e X-Men. Ainda que superpoderosos, a ideia era que a nova leva de heróis fosse mais humana, com falhas e dificuldades rotineiras – basta ver o sufoco de Peter Parker em equilibrar a vida como combatente do crime e fotógrafo de um jornal.
“Stan Lee foi tão extraordinário quanto os personagens que criou. Um super-herói ao seu modo para os fãs da Marvel em todo o mundo”, disse Bob Iger, o atual CEO da Disney, na ocasião da morte do criador de tantos personagens. “Ele tinha o poder de inspirar, entreter e conectar. A escala de sua imaginação só foi superada pelo tamanho de seu coração.”
O documentário meio que segue o tom dessa fala, trazendo uma história bastante chapa-branca e ignorando o papel de outros artistas no crescimento da Marvel. Herdeiros de Steve Ditko e Jack Kirby, quadrinistas que deram os traços aos personagens da editora, reclamaram da falta de transparência na história (mesmo que o papel de ambos seja ressaltado ao longo do filme). Essa crítica pode ser válida, mas, pensando bem, qual seria o problema em dar uma forçadinha na imagem de herói inspirador de Stan Lee? Que esse fique sendo seu superpoder.
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