Concordando ou não com as visões de Olavo de Carvalho (1947-2022), é impossível negar que ele foi uma figura de grande impacto para o atual momento do país. Suas ideias seguem ecoando nas vozes de políticos, estudiosos, jornalistas e outras personalidades de destaque no cenário nacional. A razão dessa forte influência é explicada em Olavo Tem Razão, documentário recém-lançado pela produtora Ivin Filmes.
Disponível para ser assistido online (mediante o pagamento de R$ 39,90), o longa de aproximadamente duas horas e meia faz um mergulho na história do filósofo desde sua infância até o final da vida, abordando diferentes experiências em sua jornada, como o contato com a Igreja, com comunistas e com a astrologia. Nesse caminho, o espectador é guiado por depoimentos profundos do próprio Olavo. Mas ele não está sozinho. Admiradores como Allan dos Santos, Bernardo Küster e Ernesto Araújo são consultados para trazer mais detalhes sobre a personalidade do pensador e também da sua relação com os diversos momentos políticos atravessados pelo Brasil nas últimas décadas.
Um dos grandes méritos de Olavo Tem Razão é sua falta de medo de enfrentar grandes polêmicas do ideólogo. Em certo momento, os entrevistados mencionam as publicações que ele fez em suas redes sociais sobre a teoria da terra plana. Mesmo que ele não tivesse isso como crença pessoal, como dizem alguns dos entrevistados, é indicado que Olavo sabia agir como um estudioso, deixando a paixão de lado para buscar entender o que motivava uma parcela da humanidade a realmente acreditar que o planeta não é redondo.
Orgulho e preconceito
Apesar de alguns pontos mais controversos, muitas das ideias apresentadas em obras como O Jardim das Aflições e O Imbecil Coletivo são extremamente acessíveis até hoje. Essa é uma das defesas apresentadas no documentário. O analista político Flavio Morgenstern faz a seguinte provocação: “Mande para alguém um texto de Olavo sem falar que é dele.” Com isso, ele acredita que muitos seriam capazes de apreciar os escritos, antes de serem tomados pelo preconceito com a figura.
A produção chega neste momento em que a presidência do país moveu para outro espectro político, e assim pode ajudar na formação de novos pensadores. Não é um clamor novo que o Brasil carece de renovar seus quadros intelectuais para buscar um melhor caminho para a sociedade. Muito além de debater ou provar que Olavo sempre tinha razão, o documentário propõe reflexões que podem ajudar uma pessoa a ir além.
Convicções como “a força da personalidade tem que ser treinada” e que o “abandono da estima pública faz alguém ter razão" se fazem presentes e podem impactar o espectador do filme. Certamente, vai agradar em cheio quem já conhece bem as ideias de Olavo de Carvalho, mas também funciona para despertar o interesse em quem está começando a pesquisar sua obra.
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