Black Sabbath, Deep Purple, Led Zeppelin, Rush e Yes são algumas das bandas mais importantes na história do rock. Além disso, elas têm em comum o fato de terem sido formadas em 1968, ainda que só fossem estourar mais tarde. Era esse o tipo de “concorrência” que Elvis Presley teria de enfrentar naquele ano, quando gravou o espetáculo hoje conhecido como '68 Comeback Special, que marca o ápice de sua carreira antes de um forte declínio. É justamente a história por trás desse show que motivou a produção do documentário O Retorno do Rei: Queda e Ascensão de Elvis Presley, lançado pela Netflix em novembro.
Durante uma hora e meia, o espectador acompanha gravações da época e relatos de pessoas próximas a Elvis para entender como sua carreira voltou a ganhar força com essa aparição na televisão. Há depoimentos da esposa Priscilla Presley, do diretor Baz Luhrmann (responsável pelo filme Elvis) e de outros nomes notáveis da música, como Bruce Springsteen e Billy Corgan, do grupo Smashing Pumpkins.
Todos são extremamente elogiosos do “rei do rock” e ajudam a reconstruir o forte impacto causado por ele na cultura americana. Tanto que a maior parte do documentário se debruça sobre sua carreira antes do especial de 1968, o que é decepcionante para quem esperava ver mais cenas dos bastidores do programa televisivo – imagens revelam Elvis errando muitos takes e até um violão quebrado durante a gravação.
Para ajudar quem não conhece muito a carreira do cantor, é explicado o seu surgimento e como sua “pélvis” irritou os pais da juventude que cresceu nos anos 1950. Também há uma contextualização bastante dramática sobre sua ida ao exército e seu retorno não tão triunfal como astro do cinema, que acabou por saturar sua imagem de vez.
O malvado favorito
Quando chega em seus finalmentes, o documentário segue a tendência da cinebiografia de 2022 e pinta o Coronel Tom Parker, empresário de Elvis, como o vilão que fez a carreira do astro degringolar. Também defende que o '68 Comeback Special foi a única vez em que o cantor foi capaz de tomar as rédeas de sua carreira e fazer exatamente o que queria. Não que isso seja muito longe da verdade, mas a abordagem adotada ignora o fato de que o músico aproveitou até seus momentos ruins para encher os bolsos de dinheiro.
Seja como for, o documentário faz um bom serviço em retratar essa fase ímpar do ídolo. Rever as cenas do especial é emocionante, especialmente quando o documentário chega na interpretação de If I Can Dream – facilmente, a música mais bonita da carreira de Elvis.
Vale ressaltar que a produção não traz tanta informação nova sobre o cantor, o que não compromete a experiência. É até legal para relembrar algumas curiosidades não tão óbvias, como a influência de Elvis no tenor Mario Lanza para desenvolver seu estilo de cantar.
O documentário só peca em não querer ir além de 1968, ignorando que Elvis não conseguiu segurar a peteca depois do especial. O excesso de elogios e a tentativa de reescrever o fim de sua carreira é o que impede O Retorno do Rei: Queda e Ascensão de Elvis Presley de se tornar um documentário referencial para pesquisadores e fãs.
- O Retorno do Rei: Queda e Ascensão de Elvis Presley
- 2024
- 91 minutos
- Indicado para maiores de 12 anos
- Disponível na Netflix
Cirurgia de Lula retoma discussão dentro do PT sobre candidatura para 2026
Discussão sobre voto impresso ganha força em Comissão da Câmara; assista ao Sem Rodeios
Cabeça de Lula e "pancada" do BC põem dólar abaixo de R$ 6 – mas por pouco tempo
Enquete: Lula deveria se licenciar do cargo enquanto se recupera?