A desinformação é um tema muito presente nos debates atuais sobre política, mas não é nenhuma novidade no mundo. Prova disso é a história de Santo Antonio María Claret, contada no filme O Santo de Todos. Recém-chegado à plataforma de streaming Lumine, o longa-metragem começa no momento em que o jornalista espanhol Azorín descobre que, 60 anos após a morte do sacerdote, muito do que se sabia sobre ele havia sido manipulado por detratores. Fatos foram alterados e comprometeram detalhes importantes, desde seu local de nascimento até um suposto relacionamento secreto com a rainha da Espanha, Isabel II.
A jornada investigativa de Azorín só começa em 1930, após receber uma visita de padres claretianos, que levaram alguns dos escritos de Claret a ele. O filme então volta no tempo e mostra o futuro santo quando ainda trabalhava na fábrica de tecidos de sua família, já indicando sua personalidade bondosa e apaixonada pelo universo católico. O roteiro vai se alternando entre as linhas do tempo conforme a apuração é feita, revelando um religioso importante na criação de uma livraria e da congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (que forma os claretianos).
Santos como heróis
Nas palavras do diretor Pablo Moreno, “nós temos muitas histórias de santos, fundadores de obras dentro de nossa Igreja, que são como heróis”. O cineasta responsável por O Santo de Todos faz coro com outros realizadores contemporâneos, caso da produtora Angel (da série The Chosen e do filme His Only Son), que estão contribuindo para que dramas religiosos ganhem as telas de forma exitosa. “Acredito que, como católicos, devemos estar junto às demais obras do cinema, pois temos de compartilhar a nossa realidade, a nossa vida, a nossa crença, a nossa forma de entender o mundo, com os demais”, afirmou Moreno, em uma nota oficial sobre sua obra.
Embora Claret tenha sido uma figura controversa, assistir ao filme é uma boa oportunidade para entender sua trajetória e também como a proximidade com questões polêmicas, como quando se posicionou contra a escravidão em Cuba (ele foi arcebispo na ilha e classificou os proprietários de escravos como “inimigos das missões, da religião e da moralidade”), podem ter contribuído para a visão negativa construída sobre ele. Graças aos fatos devidamente apurados, consagrou-se a imagem de um homem extremamente caridoso e preocupado em espalhar o amor.
Antonio María Claret foi beatificado em 1934 e canonizado em 1950. Hoje, com todas as fake news esclarecidas, Claret é um grande símbolo para a Igreja Católica e mais ainda para os claretianos espalhados por mais de 60 países, que evangelizam e educam milhares de jovens com seus colégios, faculdades e institutos.