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Cena de Velozes e Furiosos 7, em cartaz no cinema 4DX. | Divulgação
Cena de Velozes e Furiosos 7, em cartaz no cinema 4DX.| Foto: Divulgação

Roger Ebert (1942-2013) foi um grande crítico dos Estados Unidos que venceu o Prêmio Pulitzer em 1975 por seus textos sobre cinema. Ele é protagonista do documentário Life Itself, em cartaz no serviço de streaming Netflix.

A tecnologia do cinema 3D ainda era uma novidade em 2010 e salas de exibição corriam para adquirir projetores novos e estúdios também corriam para produzir ou adaptar filmes para a tecnologia. Pense que Avatar, de James Cameron, é de 2009 e fez um sucesso absurdo no mundo todo; talvez tenha sido o maior responsável pela febre 3D.

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Nesse cenário de euforia tecnológica, Ebert, então o mais popular crítico de cinema vivo dos EUA, foi capa da revista Newsweek com uma crítica demolidora da onda tridimensional. Na época, a Gazeta do Povo abordou o assunto e a opinião de Ebert. Hoje, dá para dizer que o cinema 3D já faz parte da rotina, mas ele coexiste com o velho e bom cinema 2D. O entusiasmo inicial deu lugar a um nicho. As três dimensões não aposentaram os filmes tradicionais e os problemas apontados por Ebert continuam atuais. A opinião dele sobre cinema 3D se resume a nove pontos:

1) Ele desperdiça uma dimensão. “A mente usa o princípio da perspectiva para fornecer a terceira”, explica Ebert. Na prática, um filme 2D consegue simular as três dimensões.

2) Ele não acrescenta nada à experiência. Um bom filme é envolvente a ponto de não se perceber as características técnicas.

3) Ele pode dar náuseas e dor de cabeça em cerca de 15% do público, segundo reportagem da revista Consumer Reports à época.

4) Ele é mais escuro que um filme normal. A imagem tem menos brilho por causa da lógica dos projetores e das lentes dos óculos.

5) Os cinemas adotam um preço maior para os ingressos de 3D. Verdade ainda.

6) Não consigo imaginar um drama sério em 3D. Cinco anos depois dessa afirmação, embora tenham surgido experiências, Ebert continua certo.

7) Ele pode ser uma distração. Na época, os filmes em 3D eram versões 2D adaptadas e os efeitos ficavam toscos. Hoje, isso não mudou muito: são efeitos manjados.

8) A venda de projetores digitais deve render muito dinheiro. Ebert destacou a pressão sofrida pelos exibidores para comprar equipamentos novos.

9) Toda vez que Hollywood se sentiu ameaçada, apelou para a tecnologia. Ebert dizia que as televisões 3D poderiam diminuir o encanto do cinema 3D.

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