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“Fritada” com Pablo Marçal vira playground para Léo Lins e Murilo “Coach”

Evento organizado por Diogo Portugal recebeu Pablo Marçal
O evento organizado por Diogo Portugal recebeu o escritor e palestrante Pablo Marçal (Foto: Reprodução YouTube)

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Há exatamente um ano, quando Diogo Portugal lançava sua Fritada com o cantor Naldo Benny, impressionava o fato de o vídeo ter atingido mais de um milhão de visualizações no YouTube em uma semana. O artigo sobre esse evento publicado na Gazeta do Povo destacava o tamanho do feito, visto que a exitosa Fritada com o ex-jogador e apresentador Neto levara cinco anos para chegar perto de 4 milhões de cliques. Pois bem: a mais recente empreitada do humorista curitibano e seu time de fritadores extrapolou 4,6 milhões de views em apenas sete dias. Isso sem contar os cortes, as publicações em outras plataformas e redes sociais... O que dá uma dimensão do quanto rir de Pablo Marçal virou um esporte nacional.

Primeiramente, há de se louvar o desprendimento do escritor, palestrante e ex-coach (segundo o próprio) goiano em topar a brincadeira, inspirada nos famosos roasts americanos. O formato em que um grupo de humoristas se reúne para gozar de um único convidado existe desde o final da década de 40, explodiu na TV americana nos anos 70 e já envolveu até mesmo presidentes americanos no exercício de seus cargos. Por aqui, Diogo Portugal deu o pontapé inicial em 2008, organizando os shows em teatros, depois levando-os para o canal Multishow. Há seis anos, concentra todas as edições em seu canal de YouTube, sem periodicidade definida.

Para aloprar Marçal, foram convocados os humoristas Léo Lins, Danubia Lauro, Pedro Lemos e Murilo Couto interpretando o personagem Murilo Coach. O massacre ocorreu no Teatro Bradesco, em São Paulo, cujos 1439 assentos foram vendidos em poucas horas – houve até um pay-per-view pago para quem ficou de fora e não aguentava esperar até o registro ser disponibilizado no YouTube. Na plateia, além de fãs de stand-up, estavam presentes outros comediantes, alguns até convocados para participações especiais no decorrer do espetáculo, casos de Alexandre Porpetone (que faz uma imitação de Marçal no televisivo A Praça É Nossa) e do pré-histórico Sérgio Mallandro. Os rostos ilustres atestavam que o evento, num teatro tão grande e gerando tamanho interesse, seria um marco para o humor nacional.

Gorjetas inconvenientes

Logo na primeira rodada de piadas, comandada pelo anfitrião Diogo Portugal, Marçal deu a impressão de que iria atrapalhar o esquema, pois foi para a Fritada com dois maços de cédulas nos bolsos (reais e dólares), que usava para distribuir como gorjetas aos humoristas toda vez que julgava algo engraçado. O gesto constante de distribuir dinheiro distraía o fritador em cena, mas foi sendo revertido em chistes ao longo do show. Danubia Lauro, que tinha sido o destaque na Fritada de Naldo Benny, foi uma que soube se aproveitar da armadilha criada por Marçal, reclamando que o programa com ela era muito mais caro do que aqueles tostões que o convidado ofertava.

O paraense Murilo Couto, escalado como segundo algoz, jogou o sarrafo para cima com sua versão tresloucada de um coach. Sem dúvida, sua performance foi a melhor, utilizando-se de expressões de Marçal e buscando interação com o público. Houve até um pouco de comédia física quando ele desceu do palco questionando quem ali não votaria em Pablo Marçal para presidente do Brasil (tentou em 2022 e parece que, em 2026, não escaparemos de uma nova candidatura). Pedro Lemos pegou a bucha de entrar depois de Murilo Couto e não teve um desempenho tão feliz. A não ser quando, sem querer, levantou uma bola para Marçal cortar. Disse que o fritado fala muito em Deus, mas Ele nem sabe de sua existência. “Porque se Deus soubesse e quisesse levar um goiano, não teria levado a Marília Mendonça”. No que Marçal emendou: “Talvez se eu estivesse no avião, ele não teria caído”, fazendo referência aos seus famosos causos sobre aeronaves.

Coube a Léo Lins finalizar a noite, com seu típico humor sem limites. Para se ter uma ideia da audácia, o ex-integrante do The Noite lembrou que a malfadada campanha presidencial de Marçal usava o slogan “40 anos em 4”. “O que é uma mistura de Juscelino Kubitschek e o ‘50 anos em 5’ com Caetano Veloso e seu ‘40 anos em 13’”, soltou, aludindo às idades do cantor e de sua atual esposa e empresária quando eles transaram pela primeira vez. “Caetano é tão petista que até a namorada tinha de ter 13. Será que ele vai me processar? Essa hora deve estar ocupado na Ilha de Marajó”, foi o desfecho da paulada. O “homenageado” tomou o palco para revidar os gracejos e acabou levando a Fritada por caminhos motivacionais, com direito a abrir para perguntas vindas da plateia. Seu solo acabou esticando o especial para uma duração atípica. Enquanto a média fica em uma hora, essa bateu duas horas e meia – isso porque a direção do teatro pressionou para encerrar a farra.

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