Os atores Timothée Chalamet e Zendaya em pôster oficial de “Duna: Parte 2”| Foto: Warner Bros./Divulgação
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Em 2021, quando a primeira parte de Duna foi lançada, o cineasta canadense Dennis Villeneuve (Sicario: Terra de NinguémA ChegadaBlade Runner 2049) alertou que seria melhor esperar para ver a segunda parte para julgar a primeira. E, sabendo que ele é um diretor competente, o melhor a fazer era ouvi-lo. A Parte 2, que estreou nos cinemas brasileiros na semana passada, é um filme mais sólido e agradável, visivelmente melhor. Os poderes narrativo e dramático são superiores aos do início da trilogia. E isso é algo lógico, porque nos romances do autor Frank Herbert, publicados entre 1965 e 1985, a mesma coisa acontece.

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Uma vez apresentados os personagens principais, conhecidos os secundários, expostos os conflitos internos e de ação e relacionamento, evita-se o tom didático pesado do primeiro filme. A espetacular encenação mantém-se – e até cresce – com um design de produção do mais alto nível, que numa sala de cinema lembra a grandiosidade do cinema de David Lean (Lawrence da Arábia, Doutor Jivago).

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No novo filme, o jovem Paul Atreides (Timothée Chalamet) já está instalado no planeta Arrakis com Chani por perto, e a centelha romântica já voou. As tramas messiânicas, a questão do Escolhido, as profecias, o desejo dos Fremen por uma vida nova depois de tantos anos de deserto e de vermes, tomam conta do filme, que flui bem. Villeneuve alterna intimidade lírica com épico tumultuado. Atreides sabe o preço que terá de pagar para liderar os Fremen, que odeiam reis e imperadores. Sua mãe conspira usando suas habilidades como clarividente e sacerdotisa.

Conflitos dolorosos

Villeneuve tem desenvoltura para lidar com tudo e os defeitos de ritmo se devem mais à fidelidade a um romance que, por vezes, parece arrastado. O diretor canadense gosta de road movies e de conflitos dolorosos: os personagens precisam olhar para dentro de si para encontrar a melhor forma de agir externamente em situações muito complexas. Os planos, os movimentos de câmera, a edição de som, a música do compositor Hans Zimmer e a forma de atrair o espectador para um cenário admirável pontuado por episódios de torpor são marcas de um grande diretor que coloca histórias alheias em seus moldes.

Duna ainda é uma novela dinástica que joga na batedeira referências ao ciclo arturiano, Shakespeare, além dos filmes Ran e Trono de Sangue, do diretor japonês Akira Kurosawa. Há uma proposta interessante – embora certamente esquemática – sobre o preço do poder, as vantagens e desvantagens do modelo dinástico, a relação do líder com a religião, o lado obscuro do messianismo secular que se utiliza de uma religiosidade natural tingida de gnosticismo fanático, matriarcado etc. A obra de Herbert às vezes é brilhante, mesmo que pague o preço da retórica grandiloquente.

É esperado, por quem leu o romance, que o tom mude um pouco no último capítulo. A primeira parcela de Duna arrecadou 434,8 milhões de dólares. Veremos se os atores Zendaya e Timothée Chalamet, ambos cada vez mais populares entre os jovens, levam a bilheteria do novo filme para 500 milhões.

© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.

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