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Estúdios em pânico

Greve em Hollywood resulta no adiamento de cinco grandes produções – saiba quais

Cerca de cerca de 171 mil atores e roteiristas participam da greve em Hollywood (Foto: SAG-AFTRA/Divulgação)

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WGA e SAG-AFTRA. Essas siglas não significam nada para a rotina do brasileiro – talvez com algumas exceções, como é o caso da atriz Bruna Marquezine. Mas são elas, abreviações para os sindicatos dos roteiristas e dos atores americanos, que estão ditando as grandes decisões de Hollywood em 2023. Em especial, o adiamento de blockbusters  garantidos como Duna: Parte 2 e Avatar 3.

Desde julho, as duas entidades estão mobilizando cerca de 171 mil pessoas, incluindo gigantes da cultura como Steven Spielberg e Matt Damon, em uma greve que reivindica o pagamento mais justo de cheques residuais e o controle do uso de tecnologias de inteligência artificial na indústria.

O primeiro pedido pode parecer estranho quando pensamos que um filme de grande sucesso, como Barbie, pode levantar cerca de 1,4 bilhão de dólares em bilheteria. Neste cenário, não é difícil imaginar que os protagonistas Ryan Gosling e Margot Robbie estejam enchendo os bolsos. Mas a falta de pagamento justo não afeta necessariamente essas estrelas. Grande parte dos atores ligados ao sindicato SAG-AFTRA são coadjuvantes ou dublês que precisam fazer várias pontas para conseguir pagar as contas. E, como todos precisam começar em algum lugar, é isso que tem motivado alguns famosos a se solidarizarem e participarem dos piquetes pedindo o aumento.

A ameaça da Inteligência Artificial 

Já a segunda questão, da inteligência artificial, é algo que assusta mais as duas partes. Com o avanço desta tecnologia, está cada vez mais fácil incluir o rosto de um ator ou atriz em qualquer filme. A IA também demonstra avanços enormes na parte do texto, o que torna factível a ideia de alguma plataforma digital escrever um roteiro nos moldes de alguém como Quentin Tarantino e Woody Allen, para citar dois cineastas bem autorais.

O que reforça esse temor é o caso de uma grande empresa escolhendo trocar a força de trabalho pelas máquinas em pleno 2023. Para a produção da abertura da série Invasões Secretas, a Disney escolheu usar a inteligência artificial e reduziu o número de pessoas responsáveis pelo trabalho nesta sequência. Houve uma desculpa estética, uma vez que o seriado aborda humanos sendo trocados por seres que imitam sua imagem à vontade, mas a decisão não deixa de mostrar que um estúdio deste calibre pode trocar qualquer funcionário criativo por um computador turbinado.

Uma paralisação dos dois sindicatos simultaneamente não acontecia há 63 anos. Para se ter ideia, conforme determinam a WGA e a SAG-AFTRA, a força criativa de Hollywood hoje não pode atuar, escrever, promover e até mesmo controlar fantoches – sim, é isso mesmo – para qualquer grande estúdio, seja Paramount, Warner, Netflix ou Amazon. É por isso que Bruna Marquezine foi afetada. Ela estrelou seu primeiro filme internacional, o Besouro Azul, mas não pôde divulgá-lo por conta dessas limitações.

Sem troféus nem discursos 

Premiações também estão fora de cogitação, o que resultou no adiamento do prêmio Emmy deste ano para 2024. Afinal, seria muito estranho ver um evento de gala para a televisão sem a presença dos atores de Succession ou Better Call Saul.

Para os estúdios, que ainda não chegaram em um acordo com os dois sindicatos, a principal estratégia está sendo segurar seus lançamentos arrasa-quarteirões para garantir que possam divulgá-los com sucesso e ter lucro com bilheterias no próximo ano.

Isso finalmente começa a impactar o brasileiro. A paralisação redundará no atraso do retorno da sua série favorita ou daquele filme tão aguardado. Também deve fazer com que ocorra uma queda de movimento nas salas de cinema no pós-Barbenheimer que vivemos. Para referência, confira abaixo cinco grandes lançamentos do cinema que ganharam novas datas de estreia como efeito da greve em Hollywood.

Duna: Parte 2 – março de 2024  

A sequência de Duna, a ficção científica que acompanha o personagem Paul Atreides na conquista do planeta titular, tinha seu lançamento previsto para novembro deste ano. A nova película, dirigida por Denis Villeneuve, prometia ser uma das grandes bilheterias de 2023, mas foi adiada pela Warner Bros. para que consiga garantir uma boa bilheteria no próximo. Duna: Parte 2 ficou para 15 de março de 2024.

Os Caça-Fantasmas – março de 2024  

Após o fracasso de Caça-Fantasmas, em 2016, um reboot do filme dos anos 80 com um elenco de mulheres, a volta dos personagens clássicos em Ghostbusters – Mais Além, de 2021, pareceu renovar a franquia e trazer seu charme de volta. Por isso, o longa já ganharia uma sequência (ainda sem nome oficial) em dezembro deste ano, estrelando Paul Rudd e Carrie Coon. Com a greve em Hollywood, segundo a revista Variety, o lançamento foi adiado para março de 2024.

Kraven – O Caçador – agosto de 2024  

Os filmes do universo Marvel sempre são sinal de boa bilheteria. A Sony, detentora da franquia do Homem-Aranha, já vem lançando há alguns anos produtos focados em antagonistas do personagem. Kraven – O Caçador seria a nova adição ao hall de vilões no cinema, mas teve seu lançamento adiado de outubro deste ano para agosto de 2024. A escolha foi feita para que o ator Aaron Taylor-Johnson, que vive personagem titular, possa participar de eventos com a imprensa ao redor do mundo.

Avatar 3 – 2025  

Os fãs dos aliens azulados de James Cameron tiveram de aguardar 13 anos entre a primeira e a segunda parte de Avatar. Quando o filme mais recente foi lançado, no começo deste ano, o diretor afirmou que havia filmado muitas cenas de Avatar 3, pois não queria que os atores parecessem envelhecidos entre um longa e outro. Graças a isso, sua estreia era garantida para dezembro de 2024, até que veio a greve. Seu lançamento foi adiado em mais um ano e atrasou todo o cronograma de sequências da saga, que terá seu quinto e último capítulo lançado somente em 2031.

Os Fantasmas se Divertem 2 – sem previsão  

Para fãs do diretor Tim Burton, o anúncio da sequência de Os Fantasmas se Divertem, lançado em 1988, foi arrebatador. O ator Michael Keaton finalmente voltaria ao papel de Beetlejuice (ou Besouro-Suco, como ficou o nome no Brasil) e assombraria uma nova geração, além de arrancar muitas risadas. Essa continuação já estava com produção praticamente pronta e deveria receber um lançamento em breve. A greve dos atores e roteiristas travou o processo de vez e agora o longa não possui qualquer previsão de chegar aos cinemas.

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