Os jovens adultos Christian e Sigrid se conhecem por meio de um aplicativo de relacionamentos. Logo no primeiro encontro, a conexão leva o casal a encerrar a noite na casa de Christian. O problema é que lá, Sigrid descobre que seu paquera divide o lar com Frank, uma pessoa que se veste e age como um cachorro. Como engatar um namoro com alguém que é “dono” de um homem que se identifica como cão? Essa é a premissa de Good Boy, filme norueguês que acaba de estrear na plataforma de streaming Looke, mas que vem perturbando audiências desde 2022.
A expressão que dá nome ao filme escrito e dirigido por Viljar Bøe é aquela que muita gente usa ao fazer festinha na cabeça de animais de quatro patas. Sigrid acaba tendo esses momentos singelos com Frank, ainda que inicialmente ela surte com tal situação. O processo que faz a estudante de 23 anos mudar de visão e apostar em Christian e seu “doguinho” é das coisas mais interessantes desse suspense de apenas 76 minutos.
Primeiramente, a garota que mora com Sigrid informa que a amiga acabou de ganhar na loteria, pois Christian é um dos caras mais abastados da cidade, herdeiro de pais multimilionários. Depois, as duas entram na internet para pesquisar o tal do “puppy play”, prática cada vez mais normalizada de pessoas se portarem como cães. Finalmente, no reencontro do casal, a homossexualidade entra em pauta, com Christian e Sigrid comentando sobre os países que ainda dificultam a vida de gays e, ao mesmo tempo, como essa questão é bem mais aceita hoje em dia. Se houve essa evolução com os homossexuais, logo...
Logo entra o terror em cena, isso, sim! Tudo que apenas se insinuava nos olhares de Frank para Sigrid e na trilha sonora tensa termina se revelando na segunda parte de Good Boy. É a hora em que o suspense toma conta da casa de campo na qual o casal foi passar uns dias – na companhia do “cachorro”, claro. Sigrid vai se lamentar muito das concessões que fez, incluindo topar deixar o novo parceiro esconder seu aparelho celular para que o fim de semana no campo não tivesse distrações externas.
Pelo desfecho aterrorizante, Good Boy não é indicado para todo tipo de espectador, apenas para os que adoram uma ousada história de suspense e horror. Mas a existência do filme escandinavo é justificada para além de suas qualidades artísticas. Há nele um bom debate sobre a frivolidade dos relacionamentos que se iniciam por aplicativos, sobre vínculos e conexões que se dão por razões superficiais e, principalmente, sobre se normalizar qualquer tipo de comportamento absurdo, tendência com a qual convivemos cotidianamente nos tempos atuais. Assim como Sigrid, o mundo todo está fadado a se dar mal caso não haja uma grande reflexão.
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