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*atualizada às 08h32 desta segunda-feira 03/09


Um dos maiores e mais importantes museus de todo o país, o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro, foi destruído por um incêndio de grandes proporções. Fundado por D. João VI, ainda durante o Brasil Colônia, a instituição completou 200 anos no último mês de junho. Seu acervo tem mais de 20 milhões de itens.

As chamas começaram por volta das 19h30, quando o museu já não tinha mais visitantes. Havia quatro seguranças no local, que conseguiram sair a tempo, sem ferimentos. Por volta das 21h, a informação de funcionários do museu e das equipes que trabalham na contenção das chamas já era de que não havia mais expectativa de salvar os milhões de peças do acervo. O esforço era para evitar a destruição também da estrutura do prédio de três andares.

Por volta das 2h desta segunda (3), a situação já havia sido controlada, mas os bombeiros trabalhavam para debelar pequenos focos de incêndio. 

Ao todo, 80 homens e 21 caminhões dos bombeiros foram usados na operação. Veículos da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) e da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) ajudaram no transporte de água para o local.

O ministro da Cultura,  Sérgio Sá Leitão, afirmou neste domingo (2) que o governo começará nesta segunda-feira (3) a fazer o projeto de reconstrução do Museu Nacional.

Dificuldades de orçamento

Subordinado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o museu vinha  passando por dificuldades geradas pelo corte no orçamento para a sua manutenção. Com seguidos cortes no orçamento, desde 2014 não vem recebendo a verba de R$ 520 mil anuais e apresenta sinais visíveis de má conservação, como paredes descascadas e fios elétricos expostos.

Em coluna publicada em maio de 2010, o jornalista Fernando Martins alertava para o risco de destruição no local: "Um incêndio ali talvez fosse ainda mais arrasador para nossa memória"

Há três meses, por ocasião da celebração de seus 200 anos, o Museu Nacional assinou com o BNDES um contrato de patrocínio no valor de R$ 21,7 milhões. Os recursos serviriam à restauração do prédio histórico e fizeram parte da terceira fase do Plano de Investimento para a revitalização do Museu Nacional, e somaram-se a R$ 24 milhões destinados nas duas fases anteriores pelo BNDES. 

O valor teria as seguintes finalidades: "A recuperação física do prédio histórico; a recuperação de acervos - de modo a garantir mais segurança às coleções e otimizar o trabalho dos pesquisadores -; a recuperação de espaços expositivos - estimulando maior atração de público e promoção de políticas educacionais vinculadas a seus acervos -; a revitalização do entorno do museu; e o fortalecimento da instituição gestora", conforme divulgado à época pelo BNDES. 

Destaques do acervo

O museu abrigava “Luzia”, o mais antigo fóssil humano já encontrado no Brasil. Outros destaques do acervo que estavam em exposição, segundo o site da instituição, eram a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I; a coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina; as coleções de Paleontologia que incluem o Maxakalisaurus topai, dinossauro proveniente de Minas Gerais.

Nas redes sociais, moradores do Rio de Janeiro divulgaram fotos e vídeos que expõem as proporções do incêndio, mostrando que as chamas podiam ser vistas a quadras de distância. 

Repercussão

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, disse que o dano do fogo ao acervo é "irreparável", e afirmou que o acidente poderia ter sido evitado. Ao tomar ciência do incêndio, ele divulgou a seguinte nota: "Um incêndio está destruindo o Museu Nacional, que pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro. É uma imensa tragédia. Trata-se do museu mais antigo do país. Completou 200 anos em junho. Tem um acervo fabuloso em diversas áreas. Aparentemente vai restar pouco ou nada do prédio e do acervo exposto. A reserva técnica não foi atingida. É preciso descobrir a causa e apurar a responsabilidade. O BNDES assinou em junho um contrato de patrocínio no valor de R$ 21,7 milhões. Tenho procurado ajudar a instituição desde que entrei no MinC. O Instituto Brasileiro de Museus realizou diversas ações. Infelizmente não foi o suficiente. Temos que cuidar muito melhor do nosso patrimônio e dos acervos dos museus. A perda é irreparável. Certamente a tragédia poderia ter sido evitada. O MinC está de luto. A cultura está de luto. O Brasil está de luto. É vital refazer o Museu Nacional, revendo também seu modelo de gestão. E investir agora para que isso não aconteça nos demais museus públicos e privados".

O presidente Michel Temer (MDB) divulgou uma nota à imprensa lamentando a tragédia: 

Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional. Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso país. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos brasileiros.

Presidente Michel Temer

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