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Em "Acima de Qualquer Suspeita", Jake Gylenhaal interpreta papel que foi de Harrison Ford
Em “Acima de Qualquer Suspeita”, Jake Gylenhaal interpreta papel que foi de Harrison Ford nos anos 90| Foto: Apple TV+/Divulgação

Em 1990, Harrison Ford se destacava no cinema por sua participação em Acima de Qualquer Suspeita, um sucesso esmagador, que levantou 221 milhões de dólares ao redor do mundo naquele ano. O longa explorava a trama de Presumed Innocent, best-seller de Scott Turrow sobre um promotor acusado de matar sua colega e amante. Para quem assistiu ao clássico noventista, a notícia de uma refilmagem da história como série pelo Apple TV+ não deve ter chamado tanta atenção. Mas vale a pena assistir aos oito episódios, principalmente porque o final é diferente. 

Na nova versão do drama de tribunal, o promotor Rusty Sabich é vivido por Jake Gyllenhaal. Não que o personagem não tivesse sido bem interpretado por Ford, mas aqui ele ganha profundidade. Graças às caras e bocas de Gyllenhaal, o espectador fica um bom tempo sem saber se o defensor público realmente é culpado pela morte. O ator de 43 anos é fera nesse tipo de papel – quem o assistiu como protagonista em O Abutre sabe bem disso.

Ambientado nos dias atuais, Acima de Qualquer Suspeita também ganha com a “digitalização das relações”, algo que não existia em 1990. Quando Rusty passa a ser investigado, uma de suas principais preocupações era a de ter dado brecha para ser visto como um stalker de Carolyn, sua colega de promotoria que fora assassinada. Na noite de sua morte, ele mandou dezenas de mensagens de texto que reforçam sua posição de suspeito – as incontáveis vezes que ele diz “eu não a matei” no seriado também levantam ainda mais dúvidas.

Outro aspecto forte é a tensão nas cenas em que Rusty está frente a frente com Tommy, o homem que lidera as investigações sobre o assassinato. Este personagem vivido por Peter Sarsgaard, cunhado de Gyllenhaal na vida real, oferece o perfeito contraponto para a trama, revelando uma espécie de rivalidade entre ambos os homens da lei. 

Honestidade e honra

Mesmo com algumas diferenças notáveis – além do final, personagens foram criados e outros até deixados de lado –, o seriado do Apple TV+ propõe o mesmo debate sobre honestidade e honra que o filme de 1990. Caso Rusty tivesse sido sincero a respeito de seu caso com Carolyn (ou nem se envolvido com ela, o mais correto), sua situação não teria piorado tanto. 

Vale notar que a mudança do assassino serve muito mais para oferecer uma história inédita do que para atender às sensibilidades sociais do mundo moderno. A escolha causou controvérsia entre alguns espectadores, mas não foge tanto da proposta original do livro de Turrow: gerar expectativa até o último segundo e surpreender com a resposta. 

Não à toa, o programa é um dos mais assistidos no streaming e já foi renovado para uma segunda temporada. Como a história foi encerrada nos primeiros oito episódios, o anúncio gerou dúvidas sobre o que será abordado. Mas tudo indica que a nova leva adaptará Innocent, outra obra publicada por Turrow em 2010. Nesse livro, Tommy e Rusty se enfrentam novamente no tribunal, 22 anos depois da morte da Carolyn. Não dá para esperar Gyllenhaal e Sarsgaard com maquiagem para parecerem mais velhos, porém seria bacana ver a rivalidade da dupla nas telas novamente.

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