O sargento John Kinley está prestes a terminar sua missão no Afeganistão quando incorpora à sua unidade Ahmed, um intérprete local que trabalhará como tradutor nesse período. A partir da amizade entre essas duas pessoas de culturas e modos de ser tão diferentes, uma trama de ritmo alucinante se desenvolve, além de um drama baseado na difícil tarefa dos afegãos que colaboraram voluntariamente com os americanos na invasão das tropas depois do 11 de setembro de 2001.
Apesar de ter em seu currículo filmes de considerável valor criativo, casos de Snatch – Porcos e Diamantes (2000), Sherlock Holmes (2009) e O Agente da U.N.C.L.E. (2015), Guy Ritchie saturou sua carreira com uma linguagem de videoclipe com muito pouco para contar, como em Revólver (2005), Infiltrado (2021) e Esquema de Risco: Operação Fortune (2023), além de adaptações maculadas por modernidade, vide Aladdin (2019) e Rei Arthur: A Lenda da Espada (2017).
O Pacto, que acaba de chegar ao catálogo do Prime Video, não pertence a nenhuma dessas classificações. Trata-se de um drama em que a relação entre os protagonistas mal se verbaliza, mas é percebida em gestos heroicos de empatia perfeitamente modulados por Jake Gyllenhaal e pelo dinamarquês de origem iraquiana Dar Salim (que se destacou no filme sueco Caranguejo Negro, de 2022).
Mesmo que o roteiro seja um tanto redundante e sem sutileza em sua fase intermediária, a história tem um ritmo que favorece o desenrolar dramático dos personagens e foge do maniqueísmo de boa parte dos filmes de Guy Ritchie e das obras bélicas atuais.
Como acontece na excelente série do HBO Max A Unidade, o povo afegão é individualizado com matizes de cinza para mostrar a epopeia anônima dos opositores do regime talibã. Aliás, as duas produções foram rodadas quase que integralmente na Espanha (A Unidade na cidade de Soria; O Pacto, em Alicante), com um resultado esplêndido de verossimilhança nessas localizações.
© 2023 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
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