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Concorrência Oficial

Joia escondida no Disney+, filme zomba da classe artística com brilhantismo

Antonio Banderas, Penélope Cruz e Oscar Martínez protagonizam a comédia
Antonio Banderas, Penélope Cruz e Oscar Martínez protagonizam a comédia de 2021 (Foto: Divulgação Star+)

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Concorrência Oficial, lançado em 2021, estava quietinho, repousando no catálogo do Star+, sem a devida atenção dos assinantes do serviço. Com a fusão desse streaming com o Disney+, o filme espanhol realizado por um trio argentino já muito celebrado nesta editoria de Cultura ganha nova chance de conquistar apreciadores de humor mordaz e críticos ao atual estado do mundo do entretenimento. Trata-se de uma obra brilhante.

O elenco encabeçado por Penélope Cruz, Antonio Banderas e Oscar Martínez não é mais importante do que a trupe responsável pela direção e pelo roteiro do longa. Concorrência Oficial é mais um produto hilário com o selo de qualidade de Mariano Cohn e dos irmãos Gastón e Andrés Duprat. Os argentinos possuem no currículo as séries O Faz Nada, Meu Querido Zelador e O Museu, além de filmes como O Cidadão Ilustre e O Homem ao Lado, todos recomendadíssimos.

Nesse longa-metragem de 2021, o alvo dos hermanos é a indústria cinematográfica e a vaidade dos artistas celebrados no meio. A história começa com um figurão da indústria farmacêutica decidido a fazer algo para ser lembrado na posteridade. Em dúvida entre construir uma ponte e doar ao estado ou produzir um filme, ele aposta na segunda ideia e recebe a recomendação de contratar a diretora mais badalada (e excêntrica) da Espanha: Lola Cuevas (Penélope). A cineasta atrai para o projeto o maior astro internacional do país, Félix Rivero (Banderas), e o ator e professor mais cultuado do circuito de teatro, Iván Torres (Martínez). Juntos, eles vão rodar Rivalidades, filme baseado num best-seller cujos direitos autorais custaram uma fortuna para o mecenas.

Embate de egos

O que o espectador acompanha na tela são os ensaios que antecedem a filmagem desse longa. Com seus métodos pouco ortodoxos, Lola provoca e confronta os dois atores o tempo todo. Apesar de pertencerem a universos diferentes e exibirem éticas de trabalho diametralmente opostas, Rivero e Torres sofrem do mesmo mal de todo artista consagrado: o excesso de vaidade. A diretora, tão imodesta quanto seus protagonistas, sabe mexer com os brios das estrelas, mas também acaba comendo nas mãos delas.

Os momentos de riso se alternam com os de surpresa – e a ansiedade de quem está no sofá só faz aumentar enquanto não sai o placar final do enorme embate de egos. Também ajuda a prender no assento a sinopse do filme que está sendo ensaiado, cujo desfecho só é revelado perto do fim de Concorrência Oficial. Rivero e Torres vivem dois irmãos em conflito. O mais novo (Rivero), matou os pais num acidente em que dirigia embriagado, e o mais velho (Torres) ajuda a colocar o caçula na prisão depondo contra ele. Ao sair do cárcere, Rivero se envolve com a mulher de Torres, que aparece grávida pouco depois.

A forma como os realizadores argentinos amarram tudo isso é de aplaudir de pé. Apesar de ser uma obra repleta de metalinguagem, nem o ser mais distraído se perde na história. Talvez algum artista possa se ofender com as imagens caricaturais da diretora e sua dupla de atores. Mas faz parte do humor estereotipar para extrair as maiores gargalhadas. E Cohn e os irmãos Duprat já estão nesse circuito desde os anos 90, portanto conhecem bem as manhas e manias da classe que estão satirizando. Já é possível invejá-los da mesma forma que invejamos Lionel Messi no futebol.

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