Policiais corruptos, belas anfitriãs em clubes estilosos e mafiosos com espadas. Esses são alguns dos muitos personagens do submundo do Japão que passam pelo caminho do jornalista americano Jake Adelstein. Por 12 anos, ele foi repórter do Yomiuri Shimbun, um dos maiores jornais daquele país, para o qual produzia matérias sobre casos policiais. Essa experiência real foi o tópico de seu livro Tokyo Vice, que está sendo adaptado como série no Max (antigo HBO Max) desde 2022.
Encerrando sua segunda temporada nesta quinta (21), o seriado acompanha Adelstein desde sua chegada no Shimbun, onde era maltratado por colegas pelo fato de ser estrangeiro, até o seu envolvimento com a perigosa Yakuza, uma das mais famosas organizações criminosas do mundo. Aliado a Hiroto Katagiri, um detetive de Tóquio, o americano consegue entender melhor como funciona esse ambiente perigoso e ganha uma espécie de figura paterna, além de um poderoso aliado para sua segurança durante a produção das arriscadas e complexas reportagens.
Tudo isso se desenrola com bastante “calma” no final dos anos 1990. Em seus primeiros episódios, Tokyo Vice faz questão de se aprofundar nos personagens principais, mostrando como Adelstein saiu dos Estados Unidos por problemas familiares. Também revela como o corajoso jornalista se empenha mais do que qualquer colega para fazer seu trabalho brilhar acima do preconceito contra ele na redação. Contudo, depois que essa fase introdutória passa, a tensão toma conta de cada segundo da produção e é aí que a coisa começa a valer a pena.
Michael Mann em ação
Ameaças de morte e assassinatos próximos do protagonista tornam a gravidade da situação que investiga ainda mais real, ajudando a criar ganchos interessantes entre temporadas – na segunda, grande parte do que ocorreu na primeira leva de episódios está resolvido, porém isso não impede a criação de novos momentos de aflição.
Essa última característica é uma cortesia do diretor Michael Mann. Ele foi responsável por capitanear o episódio de estreia de Tokyo Vice, além de assinar a produção executiva de todos os outros. Hoje com o nome em alta pelo lançamento do filme Ferrari, uma biografia sobre o criador da famosa escuderia, Mann indica ter se inspirado em seus trabalhos "clássicos” dentro do gênero policial, como Fogo contra Fogo e Colateral. Se você lembra bem da icônica cena de assalto ou da conversa entre os personagens de Al Pacino e Robert De Niro no primeiro exemplo, talvez não tenha dificuldade em identificar o estilo de Mann em sequências desta produção episódica.
Tokyo Vice pode não estar tão na boca do povo quanto outras produções recentes da HBO, como o badalado Succession. Só que é um dos grandes destaques da plataforma atualmente. Sua história resgata com grande estilo um tipo de jornalismo que nunca deveria ter perdido seu valor, algo bastante inspirador em 2024. Além disso, sua segunda temporada mostra que não é um produto que deve passar por uma queda de qualidade tão cedo – obviamente, isso dependerá de os produtores saberem o momento ideal para encerrar a trama.
Moraes retira sigilo de inquérito que indiciou Bolsonaro e mais 36
Juristas dizem ao STF que mudança no Marco Civil da Internet deveria partir do Congresso
Idade mínima para militares é insuficiente e benefício integral tem de acabar, diz CLP
Processo contra van Hattem é “perseguição política”, diz Procuradoria da Câmara