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Yellowstone já está deixando seus fãs com saudade – principalmente após acontecimentos cruéis que afetaram alguns personagens queridos em seus episódios finais. Mas seu criador, o americano Taylor Sheridan, tem um trunfo na manga. Ele acaba de soltar uma série que promete agradar todo mundo que acompanhou a história dos Dutton. O nome é Landman, também disponível no Paramount+, garantido ao serviço de streaming a fidelização de seu público cativo.
A premissa do seriado é praticamente a mesma, focando a disputa por terras valiosas nos Estados Unidos. Só que, dessa vez, o espectador acompanha as batalhas dentro do mundo do combustível fóssil. Tommy Norris é uma espécie de gerente de uma das principais companhias de petróleo atuante no estado do Texas. Logo no primeiro capítulo, ele descreve seu trabalho em duas tarefas: “arrendar terras” e “gerenciar pessoas”. Para ele, a segunda é mais perigosa, fazendo seu caminho cruzar com bandidos mexicanos, bilionários poderosos e autoridades interessadas em faturar uma grana.
O protagonista é vivido por Billy Bob Thornton, famoso por Fargo e Na Corda Bamba (além de ter ficado conhecido como “o marido esquisito da atriz Angelina Jolie”). Ele encarna muito bem o papel de Norris, representando um homem que já passou por alguns bocados na vida e precisou usar da inteligência para sair de situações delicadas.
A série começa com uma delas. Norris está amarrado em uma cadeira e com a cabeça coberta por um saco. Ele foi preso por uma gangue latina e precisa usar de sua inteligência (e do dinheiro que pode oferecer) para se livrar da enrascada e garantir a terra para seu patrão, o magnata Monty Miller (vivido por Jon Hamm, de Mad Men).
Limpeza relativa
É ali que o espectador entende que esse personagem tornará Landman irresistível, com inúmeros monólogos expondo sua lábia e criticando elementos do mundo moderno. Isso é bastante perceptível em uma cena do seriado que viralizou entre conservadores logo após sua estreia.
No terceiro episódio, Norris é questionado por sua advogada sobre o porquê de a petroleira utilizar energia eólica limpa para dar força à extração de petróleo do chão. "Eles usam energia alternativa. Não há nada de limpo nisso”, afirma o personagem.
A advogada caçoa de Norris e pergunta como é que o vento e o aerogerador fazem mal ao meio ambiente, e ele resolve entregar uma aula magna sobre o assunto: “Você tem alguma ideia do tanto de óleo que precisa ser queimado para misturar todo o concreto, preparar todo esse aço, transportar toda essa parafernália para cá e montar tudo com um guindaste de 137 metros de altura? Você quer saber o tanto de óleo que é gasto para lubrificar essa porcaria? Em seus 20 anos de vida útil, essa turbina não vai compensar o gasto de carbono realizado para sua produção.”
O tal “homem das terras” segue criticando painéis solares, a bateria de carros elétricos e contextualiza que o mundo ainda é extremamente dependente de combustíveis fósseis para seu funcionamento, uma vez que a humanidade ainda está longe de ter o terreno preparado para utilizar somente energia limpa.
Com esse novo protagonista, Sheridan mostra que voltou a trazer mais elementos conservadores aos seus produtos, algo que vinha faltando em temporadas mais recentes de Yellowstone ou até de outros de seus trabalhos, como Operação: Lioness. O seriado não se segura somente nisso, oferecendo uma boa história que vai se revelando cada vez mais complexa e arriscada.
A escolha de Thornton como Norris também é certeira, dando chance a um grande ator para se sair bem em um papel que praticamente carrega a série nas costas. Participações de Hamm, de Demi Moore e de Andy Garcia também abrilhantam Landman e reforçam que Sheridan sabe muito bem o que faz quando escreve seus personagens. Resta acompanhar os próximos episódios, que irão ao ar todo domingo até o dia 12 de janeiro. Será que, ao final da temporada, teremos algo tão memorável quanto Yellowstone?
- Landman
- 2024
- 10 episódios
- Indicado para maiores de 16 anos
- Disponível no Paramount+