O cineasta Mel Brooks, que chegou a desarmar bombas na Segunda Guerra Mundial| Foto: Reprodução YouTube
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A vida não pode ser tão ruim se Mel Brooks segue dando entrevistas. O diretor de Primavera para Hitler e Banzé no Oeste completou 97 anos em 28 de junho e está mais afiado do que nunca. Numa entrevista para a revista americana The Atlantic, ele falou com Judd Apatow sobre sua vida e sua carreira no entretenimento.

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Algumas das frases que ele usou soarão familiares se você assistiu a suas entrevistas em talk shows nas últimas décadas. (Uma das maneiras mais garantidas de se colocar um sorriso nos lábios é caçar trechos dessas aparições na TV que estão disponíveis no YouTube.) Mas é fascinante ouvir essas frases de alguém que é excelente no que faz, mesmo que essa atividade seja fazer piadas.

Aqui está o que Brooks disse que aprendeu ao longo de 97 anos de vida: “Você não pode cuspir pela boca. Existe um troço chamado boas maneiras, que é bem difícil de entender por que inventaram, pois isso te impede de ir além. Eu fui impedido de ir além. Não dá para viver uma vida de verdade só com uns fogos de artifício explodindo. Você precisa bater uma bola com o universo”.

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Ele segue defendendo Banzé no Oeste (que eu revi outro dia e nunca soou tão engraçado). Quando as pessoas dizem “Não daria para fazer esse filme hoje”, ele sempre responde “Não daria para fazer esse filme NAQUELA ÉPOCA”. Ele disse para Apatow o que entende ser o trabalho de um comediante: “o humorista sempre foi o bobo da corte. Sempre falando ‘você entendeu errado, majestade’. Ele podia sussurrar no ouvido do rei quando via que sua alteza caía na pista errada. A gente tem um trabalho bacana de ser feito”.

Anedota de guerra

Ele prestou serviço militar no finalzinho da Segunda Guerra Mundial, num esquadrão que desarmava bombas e minas. Brooks contou uma história incrível sobre seus afazeres: “Cheguei lá em fevereiro de 1945 e a guerra acabou meses depois. Fiquei março, abril e em maio já estava em casa. Então eu tive sorte. Mas tive de desarmar várias armadilhas e minas. Uma coisa boa é que fiz meu treinamento numa fazenda na Normandia. Lá tinha um garotinho de bicicleta que se apaixonou por mim porque dei a ele goma de mascar e chocolate. Ele me seguia com seu triciclo gritando ‘soldado Mel, soldado Mel!’ Um doce menino francês...”

“Anos depois, quando rodamos O Homem Elefante, fizemos uma pausa de 20 dias pois íamos para uma locação em Londres e os roteiristas ganharam esse tempo para reescrever as cenas. Eu perguntei ‘quantos de vocês gostariam de ver o posto onde servi?’ Então, a gente pegou a balsa, alugou um carro em Paris e chegou na Normandia. Eu bati à porta da fazenda e ela se abriu. Saiu um homem do tamanho de um urso, com uma barba negra enorme, um cara muito assustador. Ele perguntou ‘o que você quer?’ Depois disse ‘um minuto, um minuto’ e gritou ‘soldado Mel!’. Eu falei ‘Meu Deus, você é aquele garotinho’. ‘Sim, eu era o garotinho.’ Ele tinha virado um monstro, um homem grande e bonito. E foi uma bela tarde.”

Isso é só uma fatia da entrevista. Leia o texto completo em inglês aqui. E assista a algum filme de Mel Brooks para celebrar seu aniversário de 97 anos.

© 2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês. 

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