“Super/Man”, “Duna 2”, “Dias Perfeitos” e “Cabrini” estão entre os melhores filmes indicados por nossos colunistas| Foto: Divulgação/Montagem
Ouça este conteúdo

Conservadorismo, nostalgia e cristianismo. Esses foram alguns dos tópicos que atraíram nossos leitores ao streaming ou ao cinema neste ano. No cenário atual da cultura, encontrar filmes com bons valores se prova um verdadeiro desafio. Muitas obras modernas apresentam ideias deturpadas ou pautas identitárias. Porém, quem garimpar com cuidado, poderá encontrar uma ou outra pepita escondida por aí.

CARREGANDO :)

Pensando nisso, a Gazeta do Povo consultou nove de seus colunistas de Vozes para perguntar: qual foi o melhor filme assistido por você em 2024? Alguns longas-metragens citados estiveram no radar da editoria de Cultura. Outros foram uma surpresa, e servem como reflexão para o leitor que gosta de explorar o cinema, independentemente de estilo ou país. Confira abaixo quais foram as escolhas.

Diogo Schelp - Pobres Criaturas

"Este filme de 2023 estreou nos cinemas brasileiros somente em 2024, provocando reações extremas entre os que o odiaram e os que o adoraram. Sem dúvida, Pobres Criaturas causa incômodos em muitos momentos, com gatilhos emocionais para quem se espanta com bizarrices ou cenas de sexo. Mas a obra (prima, na minha opinião) vai muito além disso.

Publicidade

Trata-se de uma história de descoberta do mundo, em que cada experiência, das mais prazerosas às mais dolorosas, vai moldando o caráter e desvelando a inteligência da protagonista, Bella Baxter. É, ao mesmo tempo, uma verdadeira ode à vida e uma crítica às diferentes formas de perpetuação de miséria, de opressão e de restrição à liberdade individual que a humanidade insiste em criar.

A atuação de Emma Stone no papel principal equilibra delicadeza e explosão de emoções. E o visual do filme é arrebatador em tudo: nos cenários, nos figurinos, nas cores e nas formas. É de se assistir de espírito aberto, despido de preconceitos — da mesma forma que Bella se lança para desbravar o mundo."

Onde assistir: disponível no Disney+.

Indicado para maiores de 18 anos.

Francisco Razzo - Observador

"Observador, de Chloe Okuno, é um retrato da solidão urbana e do mal-estar moderno. Em Bucareste, Julia (Maika Monroe), uma jovem americana, enfrenta o isolamento em um ambiente estrangeiro. Sem domínio do idioma e distante de tudo que conhece, ela passa a desconfiar que está sendo observada por um vizinho. Enquanto a cidade vive o terror de um serial killer, o medo e a paranoia de Julia se confundem.

Publicidade

É um filme sobre estar só em meio a uma multidão. Quem vive cercado de prédios sabe como é carregar a sensação de ser observado - sempre, por todos, ou por ninguém. A solidão moderna criou a paranoia, e Observador explora esse paradoxo com brutal clareza.

A trama é simples, mas as ambiguidades a tornam densa. Sinceramente? O final me incomodou. Pessoalmente, preferiria o trágico e sem saída - como a vida, tantas vezes. Ainda assim, é um dos filmes que mais me fez pensar este ano. Um espelho trincado para os tempos vazios em que vivemos."

Onde assistir: disponível no Prime Video.

Indicado para maiores de 16 anos.

Guilherme Macalossi - Duna 2

"Cinema é experiência. E poucas vezes saí do cinema tão imerso numa obra de ficção quanto nesta sequência brilhantemente dirigida por Denis Villeneuve. Ainda que seja maior, mais grandioso e recheado de cenas que apelam aos velhos épicos, o filme não perde a mão de sua história, criando arcos de evolução dos personagens, principalmente para seu protagonista, Paul Atreides, interpretado por Timothée Chalamet.

Publicidade

Duna 2 é daqueles filmes em que cada frame é pensado para impactar, em que cada nota da trilha compõe um mosaico de emoções. Um obra que redefine as adaptações modernas de ficção científica."

Onde assistir: disponível no Prime Video.

Indicado para maiores de 14 anos.

Luciano Trigo - Quimera e Instinto Materno

"Entre os filmes lançados no cinema em 2024, dois me chamaram a atenção: La Chimera, da cineasta italiana Alice Rohrwacher, que me atraiu pelo clima intimista e onírico, com elementos de realismo mágico. E Instinto materno, um drama familiar ambientado na América dos anos 60, marcado pelas excelentes atuações de Anne Hathaway e Jessica Chastain."

Onde assistir: La Chimera está indisponível no streaming; Instinto Materno está disponível no Telecine e para locação na Apple TV, Youtube e Google Play.

Publicidade

Indicados para maiores de 12 e 14 anos, respectivamente.

Paulo Cruz - O Mal Não Existe

"Após vencer o Oscar de Melhor Filme Internacional, em 2022, com o excelente Drive My Car, o diretor Ryūsuke Hamaguchi retorna com um filme arrebatador que, além de toda a belíssima fotografia, trilha sonora e atuações marcantes, nos traz, no argumento e no roteiro, uma lição fundamental sobre conservadorismo, expressa numa sentença de nosso brilhante historiador João Camilo de Oliveira Torres: “Somente as reformas feitas em obediência ao princípio da continuidade conduzirão a resultados positivos”.

Takumi Yasumura é um pacato faz-tudo de um bucólico vilarejo fictício nos arredores de Tóquio, que vê não só a sua vida, mas a de todos os moradores, afetada pela chegada do projeto de um glamping – um camping de luxo – a ser construído no local. A resistência dos moradores e o final surpreendente são um sinal explícito de que, quando a harmonia é quebrada, tudo pode acontecer. Mais detalhes sobre o filme num artigo meu, aqui mesmo, na Gazeta do Povo: clique para ler."

Onde assistir: disponível no Prime Video, Mubi e para locação Apple TV, YouTube e Google Play.

Indicado para maiores de 14 anos.

Publicidade

Paulo Polzonoff - Dias Perfeitos

"Para mim o filme do ano é Dias Perfeitos, do Wim Wenders – irmão do menos talentoso Woltei Wenders. Tá, essa foi péssima. Ao contrário do filme, que assisti na cama, de férias, doente, com febre e tempo de sobra para refletir sobre a vida e a morte. Sei que o filme, que conta a história simples de um limpador de banheiros públicos, bebe em fontes budistas e estoicas. Mas não tem problema. Porque a essas influências acrescentei por conta própria a “Ladainha da Humildade” e, amigo, vou te contar: aconteceu um milagre.

O próprio filme se transformou numa oração. Tanto que terminei de assistir e fui logo limpar a privada de casa. Algo que, aliás, preciso fazer com mais frequência, para me lembrar de que não sou melhor do que ninguém. É que às vezes eu esqueço. Vai dizer que você não. Humpf."

Onde assistir: disponível no Mubi e locação na Apple TV.

Indicado para maiores de 12 anos.

Rodrigo Constantino - Cabrini

"Cabrini é um filme muito impactante, baseado em fatos sobre uma mulher de muita fibra. Católica fervorosa, a Madre Cabrini moveu moinhos para ajudar pessoas e foi uma precursora, dentro da Igreja Católica, em atividades sociais, principalmente com desvalidos e minorias nos Estados Unidos. Achei que foi um filme muito bem feito, apresentando uma história muito bonita e tocante de uma guerreira do cristianismo "

Publicidade

Onde assistir: indisponível.

Indicado para maiores de 14 anos.

Sergio Moro - Super/Man: A História de Christopher Reeve

"Um dos melhores filmes que vi neste ano foi o documentário sobre a vida do ator Christopher Reeve. Ele traz um pouco de nostalgia, trazendo os bastidores de um dos filmes de sucesso de minha infância. O drama do ator, após o acidente que o deixou tetraplégico, além de sua dedicação para ajudar em pesquisas e tratamento de pessoas em situação semelhante, são emocionantes. Um herói de filme tornou-se um herói de verdade."

Onde assistir: disponível no Max e locação na Apple TV e Google Play.

Classificação indicativa livre.

Publicidade

Thiago Braga - A Sombra de Stalin

"O melhor filme que assisti esse ano é um filme de terror real: ele deixaria qualquer filme do gênero parecendo um filminho infantil: A Sombra de Stálin. Com James Norton interpretando ninguém menos que o herói britânico Gareth Jones que foi o primeiro a corajosamente denunciar o Holodomor, a “morte por fome” que aconteceu na Ucrânia entre 1931 e 1933 e matou cerca de 4 milhões de pessoas apenas lá.

Como o filme mostra muito bem, a causa primária daquela fome foram as políticas assassinas do governo comunista soviético que literalmente tomou os grãos dos camponeses à força deixando-os para morrer; tudo isso para financiar a industrialização do país. Como os relatórios da OGPU (polícia política soviética) mostravam, milhares de casos de canibalismo foram registrados na Ucrânia.

O governo soviético nega e esconde a existência da fome até a queda do regime no início dos anos 90. Um filme historicamente correto, corroborado por fontes robustas e que nos deixa um legado do terror que foi a união soviética para seus próprios cidadãos."

Onde assistir: disponível para locação em Apple TV, YouTube e Google Play.

Indicado para maiores de 14 anos.

Publicidade
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]