O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, afirmou neste domingo (2) que o governo começará nesta segunda-feira (3) a fazer o projeto de reconstrução do Museu Nacional, atingido por um incêndio de grandes proporções.
"Já falei com o presidente Michel Temer e com o ministro da educação. Amanhã [segunda-feira] vamos começar a fazer o projeto de reconstrução do Museu Nacional. Para ver quanto é e como viabilizar", disse.
Leitão disse que também pediu um levantamento completo das condições de proteção contra incêndio de todos os museus federais. "Para verificar que medidas devem ser tomadas para evitar outra tragédia", afirmou.
O ministro classificou o incêndio como "uma imensa tragédia" e disse que "é preciso descobrir a causa e apurar a responsabilidade".
"Isso acontece justo agora, que medidas estavam sendo tomadas. O BNDES assinou em junho um contrato de patrocínio no valor de R$ 21,7 milhões. O Instituto Brasileiro de Museus realizou diversas ações. Infelizmente não foi o suficiente. Temos que cuidar muito melhor do nosso patrimônio e dos acervos dos museus. A perda é irreparável. Certamente a tragédia poderia ter sido evitada", disse ele.
O ministro defendeu a necessidade de "refazer o Museu Nacional" e rever o modelo de gestão. Afirmou, ainda, que é preciso "investir agora para que isso não aconteça nos demais museus públicos e privados".
O presidente Michel Temer afirmou que a perda do acervo do Museu Nacional é "incalculável" para o Brasil. "Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso país", disse.
"Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos brasileiros", diz a nota assinada por Temer.
O Ministério da Educação também lamentou o incêndio. "O MEC não medirá esforços para auxiliar a UFRJ no que for necessário para a recuperação desse nosso patrimônio histórico."
Pesquisadores também falaram sobre a tragédia.
A historiadora Mary del Priore lembrou que "não é o primeiro museu que queima". "Tivemos a Capela Imperial, na UFRJ, que foi queimada. Mas as pessoas apenas lamentam depois. Toda vez que o Museu Nacional precisou de verbas, o apoio da população era zero. Agora todo mundo chora, mas a verdade é que há uma negligência do cidadão carioca", afirmou.
"O Rio de Janeiro já perdeu, com a abertura da avenida Central, uma parte considerável do seu patrimônio histórico. A importância do acervo do Museu Nacional é enorme. Só lamento a postura dos cidadãos. Ninguém se prepara, ninguém antevê, os diretores de museus ficam sozinhos", disse Priore.
O historiador José Murilo de Carvalho chamou o incêndio de "catástrofe para a história e a cultura brasileira". "Estou absolutamente chocado, é uma desgraça. Não é um acervo importante para o Brasil, mas para pesquisadores internacionais também. Toda a coleção de d. Pedro 2º [está lá]. Agora nem sabemos se o prédio vai ficar de pé. Obviamente o corpo de bombeiros não está dando conta."
A historia Heloísa Starling lembrou da coleção de Dona Leopoldina, que remonta o início do Museu Nacional.
"Ela tinha um compromisso ilustrada e fazer circular um conhecimento melhor sobre o Brasil. E vai fazer isso por meio da botânica e da zoologia. Ela mesma ia buscar as espécies. Vestia-se com calça e camisa masculina para poder montar a cavalo, entrar no mato e colher plantas e pedras. Por isso recebeu das mulheres da corte o apelido de 'imperatriz deselegante'. Mas foi essa imperatriz deselegante que gerou nosso primeiro acervo científico de material de pesquisa. Fico pensando nela. É uma tragédia", afirmou Starling.
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