O historiador Francis Daniel McCann, conhecido como Frank McCann, morreu na sexta-feira (2) de ataque cardíaco em sua casa perto de New Hampshire. Ele tinha 82 anos e deixou a mulher Diana, companheira de seis décadas, duas filhas e netos.
McCann era um dos acadêmicos dos Estados Unidos (EUA) mais ligados ao Brasil. Estudioso da política latino-americana, era professor emérito da Universidade de New Hampshire, na qual lecionou até 2007. Foi autor de Soldados da Pátria, História do Exercito Brasileiro.
Professor emérito de Relações Internacionais na UFF, no Rio, Eurico Figueiredo via Frank McCann como "um grande americano e um grande amigo do Brasil" - e que teve papel importante por sua tarefa de "entender, como historiador, o papel dos militares na vida brasileira". McCann, diz ele, "é responsável por uma obra que vai persistir".
Outras obras do autor
Além de Soldados da Pátria, editado pela Cia. Das Letras, McCann escreveu The Brazilian American Alliance (1937-1945), que recebeu o Bernarth Prize. Foi autor, também, de Modern Brazil: Elites and Masses in Historical Perspective. Mais recentemente, em 2018, lançou Brazil and USA during World War II and His Aftermath.
Para Figueiredo, um dos livros mais marcantes de McCann é A Aliança Brasil-EUA, na qual ele desenvolve uma tese central. Segundo ele, durante a II Guerra Mundial os EUA usufruíram da base militar em Natal, ponto estratégico crucial no contato americano com a África. "No entanto, depois da guerra, prevaleceu uma posição que considerava o Brasil um país 'perigoso' - e assim, 'ao invés de compensar o Brasil por aquele gesto durante a guerra, o país foi reduzido a um igual à Argentina."
Para McCann, isso era uma injustiça porque a Argentina não teve comportamento ou posições como as do Brasil na guerra. "Na verdade, os americanos foram ingratos, e é significativo que um estudioso americano é que tenha feito essa observação". Um motivo provável, segundo McCann, era que os EUA não queriam saber de "uma potência predominante" no continente sul-americano que poderia representar problemas futuros.
Homenagens
Como resultado de seu empenho acadêmico, o governo brasileiro decidiu homenageá-lo como comendador da Ordem do Rio Branco, em 1987, e mais tarde, em 1995, o Exército lhe concedeu a Medalha do Pacificador.
Sua carreira acadêmica incluiu fases como professor visitante na Universidade de Brasília e na Universidade do México. Além de viajar por vários países latino-americanos, McCann esteve também na Polônia, Bulgária, Inglaterra, Nigéria, França e Turquia.
A passagem pelo Brasil fez dele um admirador do samba. Fazia parte no Brasil do conselho científico da revista de Ciências Militares publicada pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Militares da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme).
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