É inegável que Roger Waters é um gênio da música. O baixista de 79 anos é um dos membros fundadores da banda de rock progressivo Pink Floyd e uma das mentes por trás dos clássicos The Dark Side of The Moon e The Wall, que estão entre os discos conceituais mais importantes da história.
Mas não é por sua genialidade musical que Waters tem aparecido frequentemente nos noticiários. Este ano, em que se comemora meio século do lançamento de The Dark Side of The Moon, o músico está sendo duramente criticado (e com razão) por decidir regravar o álbum sem as preciosas colaborações do guitarrista e vocalista David Gilmour, do baterista Nick Mason e do tecladista Richard Wright, falecido em 2008.
Os posicionamentos políticos extremos do baixista também afastaram muitos fãs de seus shows. Para se ter uma ideia, na turnê atual, Waters tem apresentado nos telões a mensagem: “Se você está aqui porque gosta de Pink Floyd, mas não suporta a política de Roger Waters, caia fora e vá para o bar”.
Já que ele dá essa escolha aos fãs, confira aqui cinco motivos para reforçar que “ir ao bar” em seus concertos realmente pode ser uma boa pedida.
Pedir voto para Lula
“Nós precisamos que vocês, brasileiros, nos guiem para o futuro”, essa é uma das mensagens que o ex-líder do Pink Floyd disse em um vídeo publicado pela equipe do presidente Lula durante sua campanha eleitoral, em 2022. Talvez Waters não tenha se atentado ao fato de que o candidato eleito representa o passado do país, uma vez que já foi chefe de Estado em outros dois mandatos marcados por escândalos de corrupção. Em 2018, ele pediu autorização para visitar Lula na prisão, em Curitiba, mas não teve sucesso. Dois anos depois, gravou um vídeo tocando uma música e enchendo a cara para celebrar a soltura de seu "amigo".
Culpar a Ucrânia pela guerra
Em um discurso online para um evento da ONU (Organização das Nações Unidas), em fevereiro, Waters condenou a invasão russa na Ucrânia, afirmando que a ação é ilegal. Porém, sem saber a hora de parar, o músico afirmou que “a invasão russa não foi sem provocação" e que "condena os provocadores nos termos mais fortes possíveis”. Seu complemento repercutiu mal, uma vez que acusa a Ucrânia de incitar a guerra, algo que o embaixador ucraniano Sergiy Kyslytsya definiu como “mais um tijolo no muro” da desinformação russa. Felizmente, David Gilmour retornou com o Pink Floyd em 2022 e lançou um single para angariar fundos às vítimas do terror russo na Ucrânia.
Constranger colegas de profissão
Desde 2011, quando escreveu um artigo no jornal britânico The Guardian, Waters é um grande apoiador do movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanções), criado para minar Israel por sua relação com os palestinos. O inglês vive pedindo para que artistas cancelem seus shows no país, como já fez com Bon Jovi, Lorde, Nick Cave e até a dupla de brasileiros Caetano Veloso e Gilberto Gil. O caso mais emblemático se deu quando Waters entrou em um embate público com a banda Radiohead. O grupo liderado por Thom Yorke se posicionou contra o boicote, apontando que ele não fazia sentido e prejudicava os fãs de música. “Tocar num país não é o mesmo que apoiar seu governo…Música, arte e educação são sobre ultrapassar barreiras, e não criar novas; são sobre mentes abertas, não fechadas”, declarou Yorke ao jornal The Independent.
Incentivar o antissemitismo
Em fevereiro deste ano, Waters teve um show cancelado na cidade de Frankfurt, na Alemanha. O motivo: o governo local acredita que o músico seja um dos “anti-semitas mais conhecidos do mundo”. A acusação é justificada por seus boicotes a Israel, como o apoio ao BDS, e também por algumas de suas “teorias da conspiração” sobre como os judeus tiveram impacto em decisões políticas nos Estados Unidos e no Reino Unido. Até o guitarrista David Gilmour já afirmou que seu ex-colega é “anti-semita ao máximo”.
Macular um clássico do rock
No começo deste mês, Roger Waters demonstrou que está começando a errar no âmbito musical também – e com política em mente. O músico lançou o primeiro minuto da regravação de Us and Them, uma das faixas mais poderosas do The Dark Side of The Moon. Na nova versão, a voz doce de Gilmour dá lugar ao fiapo de Waters. Fora que o formidável solo de saxofone de Dick Parry foi completamente apagado. A justificativa para a atrocidade é que o músico gostaria de “reforçar a mensagem política e emocional de todo o álbum”. Pelo menos, em sua publicação, ele assume: “A nova versão não substitui a original que, obviamente, é insubstituível.”
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