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Novo filme de Gus Van Sant retrata biografia do cartunista John Callahan

O diretor e roteirista Gus Van Sant (à esq.) e o ator Joaquin Phoenix (à dir), que interpreta o cartunista John Callahan, durante uma coletiva de imprensa | TOBIAS SCHWARZ/AFP
O diretor e roteirista Gus Van Sant (à esq.) e o ator Joaquin Phoenix (à dir), que interpreta o cartunista John Callahan, durante uma coletiva de imprensa (Foto: TOBIAS SCHWARZ/AFP)

Vindo do último Sundance, onde foi lançado e muito bem recebido, “Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot”, de Gus Van Sant, concorre ao Urso de Ouro na mostra oficial do Festival de Berlim.  

O filme é a biografia do cartunista e artista John Callahan (1951-2010) e sua luta contra o alcoolismo, após um acidente que aos 21 anos o deixou tetraplégico. Após a tragédia, tornou-se um cartunista conhecido e controverso.  

Ele seguiu sua carreira criando caricaturas mordazes que muitas vezes abordavam o lado mais sombrio da natureza humana, enquanto tentava se livrar do álcool.  

Na autobiografia homônima, lançada em 1989, Callahan relembra a introdução ao vício na infância, a tragédia que lhe tirou os movimentos, a descoberta do talento para cartunista e a mágoa de ser órfão.  

O filme avança e retrocede no tempo para mostrar sua resistência para largar a bebida. Encorajado pela namorada (Roney Mara) e por companheiros de apoio do AA (Alcoólatras Anônimos), Callahan encontra estímulo para dedicar-se aos quadrinhos provocadores com temas sobre religião, sexualidade e política.  

Na coletiva com a imprensa, Van Sant – acompanhado de Joaquim Phoenix, que interpreta Callahan – contou que o projeto de fazer o filme data dos anos 1990 quando o ator Robin Williams (1951-2014) o procurou manifestando o desejo de adaptar a biografia de Callahan para o cinema.  

“Robin acompanhava o trabalho dele como cartunista e chegou a comprar os direitos de adaptação do livro. Ele se via no papel do artista tetraplégico que, apesar de todos os seus infortúnios, era um cara engraçado e bem humorado. Era um projeto de estimação de Robin”, contou o diretor lembrando que Callahan deixou uma biografia abrangente que cobre vários tópicos e fases de sua vida.  

“Mas preferimos nos concentrar no período após a infância e antes de seu aprimoramento como cartunista”, explicou Van Sant, que revelou o talento de Phoenix quando trabalhou com ele em “Um Sonho sem Limites” em 1955.  

Phoenix, que é conhecido por não gostar de participar de entrevistas, disse que foi muito bom voltar a trabalhar com Van Sant.  

“Cada filme é diferente do outro, mesmo quando a gente trabalha com alguém já conhecido, mas Gus tem algumas qualidades que são consistentes. Ele faz a gente se sentir confortável. No conjunto, foi o trabalho menos estressante que já fiz e acho que nos divertimos muito neste filme”, revelou o ator, destacando que o maior desafio da vida do cartunista não era sua paralisia.  

“Eu acho que realmente sua deficiência maior era a bebida, o alcoolismo era seu ponto fraco”, concluiu Phoenix, que tinha sido muito aplaudido em Sundance e pode ser um nome forte para o Urso de Prata de melhor ator da edição 68ª da Berlinale.

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