Eddie Murphy interpreta seu personagem clássico em “Um Tira da Pesada 4: Axel Foley”| Foto: Netflix/Reprodução
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Dezoito anos depois de seu primeiro anúncio, Um Tira da Pesada 4: Axel Foley  finalmente está disponível, trazendo o ator e comediante Eddie Murphy de volta ao papel que o fez estourar nos anos 1980. Lançado  pela Netflix, o filme acompanha o policial de Detroit retornando à cidade de Beverly Hills. Dessa vez, ele está na área para ajudar sua filha advogada a inocentar um homem preso injustamente. Os dois não têm um bom relacionamento, e a vontade de Foley em se reconectar com ela é o que move boa parte do roteiro.

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Nesses tempos em que o politicamente correto dita as normas, não era difícil imaginar que essa continuação perdesse um pouco da acidez original. No entanto, a sequência inicial já tranquiliza quem tinha esse medo. Antes de uma perseguição eletrizante, com direito a uma Detroit destruída por um caminhão limpa-neve, Foley provoca um policial parceiro inventando que existiu uma liga de hockey negra nos Estados Unidos. Seu ingênuo colega fica todo envergonhado, tenta falar a palavra “negro” e trava. É aí que o personagem de Murphy mostra seu clássico sorriso sacana e revela que estava brincando.

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Esses momentos não são raros no quarto longa, revelando que os roteiristas (Will Beall, Tom Gormican e Kevin Etten) e o diretor Mark Molloy sabiam exatamente o que fazer: manter a história fiel ao desenrolar de seus antecessores, sem muitos exageros e com foco em Murphy.

Serge volta a dar pinta

Um Tira da Pesada 4 faz muitas piadas às custas de figuras curiosas da sociedade de Beverly Hills, como a corretora de imóveis luxuosos que fala demais da vida pessoal e age de maneira superficial. É também o caso de um personagem amado pelos fãs da franquia, o exagerado Serge, famoso pelo sotaque afrancesado e as roupas coloridas e espalhafatosas. Vale pontuar que desde o primeiro filme ele é interpretado por Bronson Pinchot, um ator heterossexual – o que comprova que o diretor do longa e os roteiristas não se importaram com um possível "cancelamento” da produção (pela cartilha atual do setor audiovisual, só queer pode fazer queer).

A década de 1980 não está presente apenas pelo retorno de personagens consagrados na obra que deu início à saga de Foley, como Billy  Rosewood e John Tagart, mas também pela trilha-sonora. Sintetizadores e a inconfundível música-tema escrita por Harold  Faltermeyer para o filme original ressoam constantemente nas cenas.

Nem tudo é perfeito, mas como a revista National Review publicou em sua crítica do filme: “Analisar demais Axel Foley (como alguns críticos fizeram) estragaria a diversão”. Sua única pretensão é ser uma peça nostálgica, capaz de entreter por pouco mais de uma hora e meia. E, como em qualquer comédia daquela época, não dá para esperar nada além de interpretações escrachadas, cenas de ação exageradas e as caretas icônicas da lenda Eddie Murphy.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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