Papa João Paulo II, Manuel Noriega, Talibã e União Soviética. Em uma primeira análise, é possível afirmar que esse grupo de personalidades e entidades não tem nada em comum, mas aí estão alguns dos “alvos” apresentados em O Mundo da Espionagem, nova minissérie da Netflix. Em oito episódios, a produção mostra como agências secretas do naipe de CIA e MI6 operaram em missões a partir dos anos 1970 e atingiram de uma forma ou outra os nomes citados.
Com cada episódio tendo entre 35 e 50 minutos de duração, o programa reconta sete grandes casos de espionagem de maneira linear – dois deles dedicados a apenas uma missão. Para isso, faz uma mistura com depoimentos de pessoas envolvidas nas missões, imagens nunca antes vistas e dramatizações.
A primeira parte de O Mundo da Espionagem deixa bastante evidente que cada um dos grandes casos será contado por apenas um ponto de vista (mesmo quando algum tipo de “antagonista” é entrevistado). Logo na cena de abertura, o chefe de uma operação da CIA, Gary Schroen, narra como o dia 11 de setembro de 2001 estava muito bonito na região em que estava, em Virginia, nos Estados Unidos.
Ele chefia a tal da Operação Jawbreaker, uma resposta praticamente imediata do governo americano contra o ataque às Torres Gêmeas por grupos extremistas. Ao longo do episódio, Schroen e outros envolvidos detalham a missão e também contam muitas das decisões arriscadas que precisaram tomar.
O ditador e o pontífice
Apesar de muito bem produzido e interessante para fãs de temas como golpes e guerras, O Mundo da Espionagem tem recebido algumas críticas por comprar apenas uma visão e defendê-la, até quando há falhas. O primeiro episódio é prova disso. Apenas os méritos da CIA para enfraquecer o Talibã são exibidos nessa parte. Mas, quem pesquisar um pouco além, saberá que a ação da agência secreta foi estopim para agitar o Afeganistão, o que ajudou a levar o país ao comando do alvo inicial dos americanos. Ou seja, no final das contas, o inimigo ficou mais poderoso.
Alguns episódios também carecem de profundidade, como é o caso do capítulo sobre o Projeto Azorian, uma operação realizada durante a Guerra Fria para que os americanos conseguissem informações de um submarino russo naufragado. Esse tipo de detalhe deixa a nova minissérie distante da perfeição, mas nada capaz de estragar a experiência. Os episódios sobre destituição do ditador panamenho Noriega e a entrevista com o homem que atirou contra o Papa João Paulo II são incríveis.
A óbvia recomendação ao espectador interessado, que vale para qualquer documentário com cunho histórico e levemente político, é ir além daquilo que foi apresentado na televisão e pesquisar mais sobre cada assunto que lhe interessar. Os livros estão aí para cumprir essa função.
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