A sexta temporada da série de sucesso da HBO “Game of Thrones” provavelmente trará para os holofotes um importante elemento histórico do universo ficcional dos romances de George R. R. Martin, sobre os quais o seriado é amplamente baseado: a lenda de Azor Ahai.
(Para sermos sinceros, estamos tão no escuro quanto qualquer um a respeito do que vai acontecer na nova temporada do seriado de fantasia medieval e não temos nenhum desejo de divulgar quaisquer spoilers. O que vem a seguir é baseado puramente no conhecimento das temporadas anteriores e dos livros de Martin.)
Azor Ahai é uma figura mitológica nos livros e no seriado, um guerreiro semideus de uma época antiga que triunfou sobre as trevas em uma grande batalha empunhando uma arma mágica abençoada por R’hllor, uma divindade também conhecida como Senhor da Luz ou o deus da chama e da sombra. Existe uma profecia de que ele renascerá em um período de perigo similar e é nesse ponto que começa a especulação a respeito da temporada atual.
“Virá um dia após um longo verão em que as estrelas sangrarão e o frio sopro das trevas cairá pesadamente sobre o mundo. Nessa hora pavorosa um guerreiro irá sacar do fogo uma espada em chamas”, entoa um dos personagens de Martin no segundo livro da série. “E essa espada será a Luminífera, a Espada Vermelha dos Heróis, e aquele que a empunhar será Azor Ahai renascido, e as trevas fugirão diante dele.” (A tradução dos excertos é livre.)
A história do herói messiânico é, obviamente, algo universal. Está no coração de diversas tradições religiosas e agita a imaginação humana como poucas outras lendas o fazem.
O bem e o mal
Mas no mundo febril dos fansites e fóruns de discussão de “Game of Thrones”, uma boa dose de reflexão foi dedicada às possíveis origens históricas da lenda de Azor Ahai. O próprio Martin já disse que desenvolveu a ideia da fé monoteísta, adoradora do fogo, que cerca R’hllor a partir do Zoroastrismo, uma religião pré-islâmica que emergiu milhares de anos atrás no que hoje em dia é o Irã.
Além da importância purificadora do fogo em rituais em ambas as fés, as tradições antigas do Irã legaram a domínios mais a oeste a primeira concepção de um universo moral conformado pelo binário bem e mal.
Deus no Zoroastrismo é chamado de Ahura Mazda, uma figura onipotente e suprema que criou os espíritos gêmeos do bem e do mal – respectivamente, Spenta Mainyu e Angra Mainyu, também conhecido como Arimã. Há interpretações da tradição que associam Ahura Mazda apenas com o primeiro, um criador que dá origem à vida, e o colocam em conflito com Arimã, um ser que deve no fim das contas ser derrotado.
Eis mais sobre a divindade, extraído do verbete a seu respeito na Enciclopédia Britânica:
“Para ajudá-lo a combater a luz (...) Arimã criou uma horda de demônios que encarnam a inveja e características similares. Apesar do caos e do sofrimento que afligem o mundo em virtude de seus massacres, fiéis esperam que Arimã seja derrotado no fim dos tempos por Ahura Mazda. Confinados a seu próprio domínio, seus demônios vão devorar uns aos outros, e sua própria existência será apagada.”
Essa ideia de um árduo combate eterno com um outro maligno dificilmente é singular do Zoroastrismo. Mas é a planta mais clara para o conflito cósmico sendo construído em “Game of Thrones”, no qual Ahura Mazda é uma composição de ambos R’hllor e Azor Ahai, e na qual um justo herói do fogo vai eventualmente derrotar um mal implacável advindo das terras de gelo.
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