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Sucesso na Netflix

“O Turista” mescla Tarantino, David Lynch e irmãos Coen para gerar bom suspense

Jamie Dorman em pôster de "O Turista"
Jamie Dorman em pôster de "O Turista", disponível na Netflix (Foto: Netflix/Divulgação)

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A amnésia é um recurso que já foi utilizado incontáveis vezes em produtos audiovisuais de ação e suspense. Basta lembrar de sucessos como Amnésia,  do agora oscarizado Christopher Nolanou A Identidade Bourne, de Doug Liman, para perceber isso. Então, como um novo produto sobre um homem em busca de informações sobre seu passado poderia se diferenciar? Simples: usando referências de lugares tão diferentes quanto  Fargo, dos irmãos Coen, Twin Peaks, de David Lynch, e À Prova de Morte,  de Quentin TarantinoAo menos, essa foi a saída encontrada pelos criadores de O Turista, que está há mais de um mês entre os 10 produtos mais assistidos da Netflix.

A trama, que está em sua segunda temporada, acompanha “The Man” (o homem), protagonista que repentinamente é atacado em um deserto da Austrália e acorda sem lembrar quem é e onde está. Vivido por Jamie Dorman, um ator britânico, o personagem sem nome tem como único traço perceptível o seu sotaque, claramente de outro país. Daí o apelido de “turista”.

Com um bilhete no bolso, a ajuda de uma policial muito boazinha e pessoas querendo matá-lo ou capturá-lo, o homem vai descobrindo lentamente detalhes sobre quem é, avançando na história principalmente por rastros deixados por ele no passado. Graças a essa abordagem, a trama apresenta diversas reviravoltas ao longo dos 12 episódios já realizados.

Irreverente como nos velhos tempos

São nesses momentos que as referências ficam bastante claras. Harry e Jack Williams, irmãos e roteiristas por trás de O Turista, pegam o humor negro dos irmãos Joel e Ethan Coen, as loucuras surrealistas de Lynch e os personagens exagerados e violentos de Tarantino para criar algo divertido para o espectador que só quer se desligar do mundo enquanto assiste à televisão. Isso é evidente já na cena inicial do seriado: o protagonista dirige um carro velho, cantando a plenos pulmões o hit oitentista Bette Davis Eyes, de Kim Carnes, enquanto um cowboy desconhecido tenta acertá-lo com um enorme caminhão.

Incontáveis outras cenas irreverentes também vão lembrar o espectador mais velho do cinema de ação e suspense dos anos 1970 e 1980, quando tudo parecia mais exagerado. A própria sequência descrita acima remete a Encurralado (1971), estreia de Steven Spielberg na direção.

Por essas escolhas, nem tudo será do gosto do espectador. O quinto episódio da primeira temporada, por exemplo, deixa as coisas bastante confusas – algo intencional, para transmitir o que The Man está passando. Mas é inegável que esse caldeirão de referências inusitadas ajuda o seriado a entregar algo diferente para quem não aguenta mais os mesmos subprodutos de John Wick.

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