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Sylvester Stallone na indefectível cena de “Rocky - Um Lutador” (1976), vencedor do Oscar de filme, diretor e edição. | Divulgação
Sylvester Stallone na indefectível cena de “Rocky - Um Lutador” (1976), vencedor do Oscar de filme, diretor e edição.| Foto: Divulgação

“Creed”, o sétimo filme da franquia “Rocky”, segue uma tradição cara ao cinema americano.

Histórias com o boxe como tema ou pano de fundo são produzidas desde antes do cinema moderno e, ainda hoje, a relação entre a “nobre arte” e a “sétima arte” segue fértil e duradoura.

Quando a indústria do cinema americano se firmou, no começo do século passado, o boxe já era muito popular, pois tinha criado heróis como o campeão Jack Dempsey e uma mitologia própria.

Foi nessa época que se criou a dinâmica narrativa padrão no gênero – a mesma de Creed e de outros filmes da série “Rocky”: um lutador de técnica inferior com a ajuda de um mentor supera todos os prognósticos e, mesmo sendo castigado pelo oponente “mau”, acaba por derrubá-lo.

Para o cinema, o boxe é uma metáfora perfeita: do homem do povo em luta contra uma sociedade injusta e desigual (e ele, eventualmente, consegue vencê-la). Mas só isso não basta para entender por que o boxe é o mais cinematográfico dos esportes.

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Em primeiro lugar, é preciso ter claro que o pugilismo é um elo não rompido com o passado. Ainda que as regras tenham tornado o esporte menos brutal nos últimos cem anos, o boxe ainda fala com a violência ancestral dentro de cada um.

Nas cenas de boxe, os filmes oferecem imagens “sujas” de violência (dor, corpos machucados, sangue e suor) que permitem uma experiência estética transgressora da moral social.

Um fã de boxe e, mais ainda, um espectador de um filme sobre o esporte aceita um determinado grau de violência, dentro de certa organização e regulamentação.

Esse conflito pode até estar presente em outros esportes, mas nenhum é tão fotogênico quanto o boxe.

O cenário de um ringue, seja num cassino em Las Vegas ou num buraco clandestino no interior do México, é fascinante. A organização espacial da luta, as luzes, sombras, sons e planos e enquadramentos possíveis durante lutas e treinamentos são um convite à mise en scène cinematográfica.

Quanto à dramaturgia, há uma miríade de personagens fascinantes orbitando o universo do boxe: empresários corruptos, treinadores que sofrem do estômago, lutadores marrentos, mafiosos, apostadores.

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Ainda que, na maioria dos filmes, o boxe retrate a vitória do homem comum contra o mundo injusto, talvez em nenhum outro gênero cinematográfico as fronteiras entre o herói entre o bandido sejam tão tênues.

Às vezes os filmes falam mais dos nocautes morais e no ringue do que das vitórias – assim são alguns dos melhores títulos do gênero. Pense em “Sindicato de Ladrões” (1954), com Marlon Brando.

O boxe tem a quantidade de drama, tragédia e glória de que o cinema precisa.

Porradas

O boxe inspirou bons filmes como “O Campeão” (1979), “Touro Indomável” (1980), “O Lutador” (1997), “Ali” (2001), “Menina de Ouro” (2004) e “Nocaute” (2015).

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