“Mulher Maravilha” liderou as bilheterias nesse fim de semana, faturando US$ 100 milhões nos EUA, se tornando o maior lançamento de um filme dirigido por uma mulher.
O filme de Patty Jenkins ultrapassou o último recordista, “Cinquenta tons de cinza”, que rendeu US$ 85,2 no fim de semana de lançamento e foi dirigido por Sam Taylor-Johnson.
A audiência de “Mulher Maravilha” não segue o padrão de filmes de super-herói — 52% dos espectadores eram mulheres. Normalmente, como apontou o Hollywood Reporter, 60% da audiência são homens.
Mundialmente, o filme faturou US$ 122,5.
“Isso mostra que filmes de super-herói não são só para homens. São para mulheres também”, disse Jeff Goldstein, chefe de distribuição da Warner Bros, para a Associated Press.
Esses números são relevantes para uma indústria em que “o cargo de direção é dominado por homens”, afirmou a CNN.
Em 2016, apenas 7% dos 250 filmes mais assistidos eram dirigidos por mulheres, o que marcou uma diminuição de 2% se comparado com 2015, de acordo com o Centro Estadual de San Diego para Estudos da Mulher na Televisão e Cinema.
A maré parece virar, mas mesmo no Festival de Cinema de Cannes desse ano apenas três dos 19 inscritos principais foram dirigidos por mulheres. O número, que representa 15%, gerou muitas críticas.
“Eu acredito que, se você é uma diretora mulher, você terá personagens mulheres mais autênticas. É a primeira vez que assisti 20 filmes em 10 dias, e eu adoro filmes”, disse a atriz Jessica Chastain em uma coletiva de imprensa.
“O que eu tirei dessa experiência é como o mundo vê as mulheres pelas personagens femininas que foram representadas. E foi perturbador para mim, para ser sincera”.
“Eu espero que quando mais mulheres forem incluídas na indústria, teremos mais das mulheres que vemos todos os dias no cinema - as que são proativas, que têm suas próprias agências, que não apenas reagem aos homens que estão ao seu redor. As que têm um ponto de vista próprio”, adicionou Chastain.
Marco para as mulheres
Alguns acreditam que o sucesso de “Mulher Maravilha” seja um marco para as diretoras de cinema.
“Qualquer noção ridícula de que uma mulher não é capaz de dirigir um filme caro de super-herói pode ser despedaçada agora”, disse Paul Dergarabedian, analista sênior de mídia na comScore, para a CNN.
Muitos, na realidade, ficaram de olho nas vendas antes mesmo dos números serem anunciados.
Kevin Lincoln escreveu semana passada na Vulture: “Como o primeiro filme protagonizado por uma mulher depois da era Marvel, assim como o primeiro a ser dirigido por uma diretora, ‘Mulher Maravilha’ traz a prerrogativa de provar a viabilidade internacional de um projeto assim. Se tiver sucesso, estúdios vão ter menos desculpas para as taxas ridículas de contratação de diretoras e de protagonistas femininas em filmes blockbusters”.
Ainda que “Mulher Maravilha” tenha passado das previsões de faturamento para o lançamento — que eram de US$ 175 milhões mundialmente — ele ainda é o 16º na lista geral de filmes de super-herói, segundo o Box Office Mojo. “Os Vingadores” faturou US$ 207,4 milhões e “O Homem de Ferro 3” rendeu US$ 174,1 milhões em seus lançamentos nos EUA.
Mas é importante notar, também, que a maior parte dos filmes com mais faturamento no lançamento incluíam atores mais famosos e eram sobre personagens mais populares. Na realidade, “até esse momento, a DC Comics nunca tinha um sucesso com filmes sem o Batman ou o Super-Homem”, escreveu Scott Mendelson na Forbes.
As críticas para “Mulher Maravilha” são muito boas. O filme recebeu 93% de sucesso no site Rotten Tomatoes, que agrega resenhas de vários veículos - empatando com o filme de super-herói melhor avaliado até então, “O Cavaleiro das Trevas”, segundo o Entertainment Weekly.
O sucesso do filme não foi bom só para diretoras. Ele melhorou o curso da temporada de verão do cinema, que parecia estagnada.
“Ele salva o dia, pelo menos por agora, das bilheterias”, afirma Dergarabedian. “Entrando nesse fim de semana, a temporada estava 9% menos movimentada, déficit que diminuiu com esse fim de semana”.
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