Quando Patty Jenkins aceitou ser diretora de "Mulher Maravilha" há dois anos, observadores da indústria se perguntaram que tipo de super-heroína o filme iria apresentar, principalmente considerando as mudanças da personagem nos últimos 75 anos. Nós veríamos a Mulher Maravilha fortalecida do quadrinho "O Reino do Amanhã", dos anos 90, a secretária dos anos 40 ou a amazona super sensualizada que se tornou uma dupla do Super-Homem nos últimos anos?
Jenkins, felizmente, não teve dúvidas. Ela estava determinada a trazer para as telonas a versão forte mas compassiva da heroína, a Mulher Maravilha que via na televisão nos anos 70.
"Todos esses anos se falou sobre a Mulher Maravilha. E para mim, uma coisa era muito clara: eu só participaria do filme se eu pudesse fazer a Mulher Maravilha que eu amo", disse Jenkins.
"Não estou interessada numa Mulher Maravilha antiga ou numa nova. Estava interessada na que eu vi quando era criança".
Mas o que Jenkins via na Mulher Maravilha da TV era algo muito parecido com a ideia inicial do criador William Moulton Marston.
"É muito interessante que ela tenha sido criada como uma mulher tão idealizada e tão poderosa e ainda assim tem todas as características de ser uma mulher", continua Jenkins. "E tem sido engraçado: Lynda Carter era exatamente isso com a Mulher Maravilha dos anos 70".
Jenkins entrou no filme sabendo que teria que lidar com mais expectativas do que somente a de seus fãs — a Mulher Maravilha é a heroína mais icônica, trazendo vários fãs por si só.
"É fascinante seguir a jornada pelos diferentes capítulos da relação do público com ela", disse a diretora. "Ver o que as pessoas queriam tirar dela sem perceber que era isso que estavam fazendo - dizendo que ele deveria ser mais resistente, mais cruel ou algo do tipo. O que eu sempre disse é: por que estamos fazendo isso?".
Com o lançamento do filme, Jenkins sorri com o feedback que já está recebendo sobre sua abordagem da personagem.
"A ironia é que muitos pensam em como a deixei durona e descolada", conta Jenkins. "Mas foi o oposto. O ponto mais importante do filme era fazer com que as pessoas entendessem que ela deveria ser vulnerável. Ter fraquezas, gentileza, amor e uma jornada. Porque essa é a Mulher Maravilha. É o que um personagem universal precisa - ter todas as dimensões expostas".
No filme de Jenkins, a Mulher Maravilha chega no mundo com uma certa inocência sobre a profundidade da desumanidade entre homens. Enquanto ela se adapta a essas condições de guerra, ela nunca perde sua compaixão pela fragilidade e dor humanas.
São também notáveis os momentos em que ela precisa sair da limitação física — cenas com tanto simbolismo dado que a personagem, desde sua criação, quebra correntes para mostrar sua emancipação.
Ainda que a Mulher Maravilha seja fisicamente compatível com o Super-Homem, Jenkins acredita que é importante mostrar que sua versão da personagem encontra sua maior fonte de força em emoções positivas como o amor.
"Eu amo que ela seja uma personagem complexa. E amo que ela seja inacreditavelmente poderosa quando usa emoções para as coisas certas", finaliza Jenkins.