Marcado para acontecer nos dias 27 e 28 de maio no Jockey Club do Rio de Janeiro e nos dias 3 e 4 de junho no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, o MITA Festival garantiu seu sucesso ao escalar as divas pop Lana Del Rey e Florence + The Machine como as atrações principais de cada noite. Mas é outro artista, ainda inédito em palcos brasileiros, que merece a atenção de quem gosta de um bom pop rock e fica feliz em ver uma família unida fazendo música.
O trio formado pelas irmãs Danielle, Este e Alana Haim estava destinado a entrar para o showbusiness, ainda que tudo tenha começado na mais pura farra. O israelense Mordechai e a americana Donna criaram suas filhas em Los Angeles, ao som de muito rock clássico e pop radiofônico dos anos 70, estilos que predominavam na discoteca do progenitor. Por também tocarem instrumentos, os pais foram naturalmente introduzindo as garotas nesse universo: guitarra para uma, um contrabaixo surrado para outra... E eis que a família tinha virado uma banda de covers, que alegrava as festinhas e os bar mitzvahs das redondezas.
Era tudo diversão. Até que Danielle, a filha do meio, começou a se destacar acompanhando cantores alternativos, sendo Julian Casablancas (do The Strokes) o mais famoso deles. Como se virava muito bem na guitarra, na bateria e nos vocais, Danielle foi recebendo convites cada vez mais auspiciosos, mas decidiu dar um passo atrás ao ser chamada para entrar em turnê com o soulman CeeLo Green. O que ela queria mesmo era montar um grupo com suas irmãs.
Nem dá para dizer que Danielle trocou o certo pelo duvidoso. A química com as sisters era tão evidente que o Haim (sobrenome que também significa “vida”, em hebraico) chamou atenção logo nos primeiros shows e gravações. Days Are Gone (2013), o álbum de estreia, caiu nas graças especialmente da plateia britânica, que colocou o trabalho no primeiro lugar da parada local, transformando Forever, The Wire, Falling e If I Could Change Your Mind nos primeiros hits do trio.
Ajuda de Taylor Swift
A herança do que elas ouviam nos discos dos pais era perceptível nas influências de Fleetwood Mac e Joni Mitchell, mas também havia espaço para Prince, Michael Jackson e outras feras que dominaram os anos 80 e 90. Não demorou muito para que Danielle, Este e Alana fizessem amizade com Taylor Swift, que costuma beber nas mesmas fontes, e passassem a encarar grandes audiências como banda de abertura dos shows da amiga.
Após um segundo disco um tanto decepcionante (Something to Tell You, 2017), o trio voltou forte em 2020 com Women in Music Part. III. Um dos principais reconhecimentos veio em forma de indicação para o Grammy de Álbum do Ano, em 2021, algo que nunca uma banda formada somente por mulheres havia conseguido. E quando as três estão na plateia de uma premiação, as câmeras vão atrás, pois elas cantam junto todas as músicas de quem se apresenta, especialmente dos artistas veteranos, mostrando que as lições aprendidas com a discoteca do papai Mordechai serão eternas.
E vale deixar uma dica cinematográfica para quem não estiver cogitando investir no ingresso do MITA. A caçula Alana Haim, mesmo sem pretensões de trabalhar como atriz, acabou sendo escolhida pelo cultuado diretor Paul Thomas Anderson para estrelar a comédia dramática Licorice Pizza, de 2021. Por sua performance, Alana chegou a ser nominada para o Globo de Ouro e para o Bafta, além de colher inúmeros elogios da crítica, que babou pelo filme. Para conferir do que Alana é capaz sem uma guitarra no pescoço, basta procurar Licorice Pizza no catálogo do Prime Video ou alugar via Google ou Apple.
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