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"Amadeus", do diretor Milos Forman.
“Amadeus”, do diretor Milos Forman, conta história de compositor que invejava genialidade do famoso Mozart.| Foto: Reprodução/Warner Bros.

Um grande clássico do cinema está fazendo 40 anos: Amadeus, de Milos Forman. Adaptado de uma peça do dramaturgo inglês Peter Shaffer (1926-2016), que por sua vez se inspirou na peça Mozart e Salieri, escrita em 1830 pelo poeta russo Alexander Pushkin, Amadeus conta a história de Antonio Salieri (F. Murray Abraham), um italiano que, no fim do século 18, era o compositor oficial do Imperador austríaco José II em Viena, e tinha inveja mortal da genialidade de um compositor rival, Wolfgang Amadeus Mozart (Tom Hulce), um jovem prodígio que encantava a todos com sua capacidade inesgotável de compor obras-primas.

Lançado em setembro de 1984, o filme foi o maior sucesso comercial de Milos Forman, um cineasta tcheco que havia fugido para os Estados Unidos 15 anos antes, escapando da perseguição comunista. Amadeus ganhou oito Oscar, incluindo melhor filme, diretor e ator - este para F. Murray Abraham, pelo papel de Salieri.

​Forman vivia nos Estados Unidos desde o fim dos anos 1960, tendo emigrado da então Tchecoslováquia depois da invasão do país pelas tropas do Pacto de Varsóvia, em agosto de 1968. Ao lado do polonês Roman Polanski, Forman foi o diretor do Leste Europeu que mais fez sucesso comercial e de crítica após se mudar para os EUA. 

Numa carreira de 55 anos como cineasta, além de Amadeus dirigiu filmes como Um Estranho no Ninho (1975), O Povo Contra Larry Flint (1996) e O Mundo de Andy (1999). Pelos dois primeiros, ganhou o Oscar de melhor diretor.

Na Tchecoslováquia, inspirado pela liberdade criativa da Nouvelle Vague francesa, Forman havia dirigido filmes baratos e ousados. Foi o caso de Os Amores de uma Loura (1964) e O Baile dos Bombeiros (1967), que lidavam com temas como a burocracia estatal e traziam um humor negro que ironizava, sempre de forma velada, para escapar dos censores, a falta de liberdade no então país comunista.

Luta contra a opressão por meio da arte

Se existe um tema que percorre toda a carreira de Milos Forman é o da luta contra as opressões. E o cineasta tinha motivos para se rebelar: os pais haviam morrido em campos de concentração nazistas, e a invasão das tropas da aliança militar socialista o expulsara de seu país natal.

Quando Forman tinha pouco mais de 30 anos, descobriu que era fruto de um romance extraconjugal de sua mãe com um arquiteto que havia sido preso em um campo de concentração nazista, mas conseguira escapar.

Nos Estados Unidos, mesmo trabalhando para grandes estúdios hollywoodianos, Forman conseguiu fazer filmes desafiadores. Seu primeiro grande sucesso, Um Estranho no Ninho, adaptado de um romance de Ken Kesey (1935-2001), figura importante dos movimentos beat e hippie, era, na superfície, uma comédia amarga sobre a vida numa instituição psiquiátrica. Mas o filme também pode ser visto como analogia poderosa dos EUA da época da Guerra do Vietnã e da descrença em governos e instituições.

Após dois filmes recebidos com frieza, Hair (1979) e Ragtime (1981), Forman acertou em cheio com Amadeus (1984). O personagem de Mozart era “a cara" de Forman: um artista genial e livre, que desafiava as convenções morais e a caretice de sua época.

Forman não parou por aí. Em O Povo Contra Larry Flint, pegou um personagem detestável, dono de um império de revistas pornográficas, e fez dele um símbolo da luta pela liberdade de expressão. O filme não transformava Flint em mártir, mas defendia que nem mesmo um homem inescrupuloso e vil como ele poderia ser censurado.

Em O Mundo de Andy, Forman explorou outro personagem polêmico, o comediante Andy Kaufman (1949-1984), um gênio perturbado que reinventou a comédia ao romper limites entre a interpretação e a vida real.

Milos Forman morreu nos Estados Unidos, em 2018, aos 86 anos. E Amadeus permanece como o momento mais importante de sua carreira. O filme está disponível para compra na Apple TV, Google Play, Amazon e Youtube Filmes.

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